quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Faça um bom negócio



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 Vende-se 
um país



Em política não há gratidão
nem reconhecimento."

(Majó Theodorico Bezerra, político da velha guarda, filiado ao antigo PSD)

Vende-se um país, largo, bem montado. Vende-se um país, bom de se morar. Vende-se um país, alto, florestado; vende-se uma terra, boa de plantar. Ah! Vende-se mais. Vende-se tudinho, dá-se até que seja; só que, lá por trás, vem minha gorjeta.Vende-se esta terra, pode olhar seu moço. Já viste maior, rica, mais ornada? Viste rios maiores, grossos, caudalosos, todos bem bonitos, prontos pra pescar?

Vende-se um país. Vende, vinde, veja. É aqui mesmo, entende? Começa na praia, vai até lá longe, onde bem de noite, sempre o sol se esconde. Tem índio, tem bicho, tem folha e tem mato. Também tem cidade, que vale se ver.

Vende-se um país. Já tem quem o queira. Se tu não te apressas, perdes a pechincha. A venda é ligeira, por baixo do pano. Sem rastros, caneta, papel assinado. Me pagas primeiro, depois vamos ver... O povo é ordeiro, ganha uma miséria, só olha TV. Besteira, nem liga o que tu vais fazer. Pagou, tem direito: pagou, vai entrar. Tu entras sozinho. Tu vais me dizer: "Valeu velho amigo, é terra pra valer.

Vende-se um país. Todo, por inteiro. Mas venhas depressa ou se entrega tudo.Compra este país, tá muito barato, tá de preço baixo, abaixo do mercado. Se não compras agora...mau negócio fazes.
É uma pechincha, muito conservado. Vende-se um país. Bato-lhe o martelo. Dou ao cavalheiro que lá no cantinho, fez gesto discreto e dobrou o preço.

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Terror no RN: a bandidagem é quem manda



Vivemos o pandemônio, ou seja: o pandeiro do demônio

Dia 14 de janeiro publiquei neste blog texto em que satirizava a situação de descalabro e de medo no Rio Grande do Norte, entregue à própria sorte no que diz respeito à segurança pública. O texto – que segue abaixo – de alguma forma antecipava o quadro de terror hoje instalado.

Os bandidos conseguiram paralisar o transporte público, apavorar as pessoas, causar grandes danos e já causam abalos econômicos. A lentidão da resposta das autoridades é alarmante. 

O uso de forças do Exército, adstrito a uma chocante burocracia, demonstra o quanto o Estado, aqui em compreensão mais larga, Estado como ente além e acima da designação de ente federado. O Estado, enquanto instituição formuladora de ações e decisões administrativas profundas, ações de caráter nacional, tem-se mantido letárgico, lento, quase omisso. 

Os bandidos fazem de tudo ou quase tudo e o Exército não chega, é o que quero dizer.

Entendo que as ações dos criminosos são terrorismo, mesmo que lhes faltem componentes ideológicos mais profundos, semelhantes aos dos grupos terroristas típicos, ou seja: atos de violência originados e sob a tutela de uma ideologia que se alega política, libertária e, portanto, contra-hegemônica.

Na verdade, os criminosos que agem no RN apenas se diferenciam do terrorismo ortodoxo, digamos assim, por dois fatores: o primeiro já foi mencionado: eles não almejam o poder político pela violência; o segundo diz respeito ao fato de que não atacam – pelo menos não por enquanto – pessoas inocentes, antes depredam patrimônio público ou privado. 

Mas tais circunstâncias não elidem o fato de que, sim, a sociedade está aterrorizada. Especialmente porque não se vê polícia na rua e isso passa a sensação de desamparo, ampliando a possibilidade dos atos de terror.

É preciso, porém, admitir: o trabalho de inteligência da polícia tem funcionado. Tanto, que bandidos que lideram as ações têm sido capturados.
O que se espera é que a segurança pública consiga debelar essa crise, mantenha o trabalho de instalação de aparelhos que bloqueiem os celulares nas penitenciárias e garanta ao cidadão o direito de viver em paz. 

Mas não confio que a Polícia Militar do Rio Grande do Norte aprenda com a lição e passe a agir como dela se espera: desenvolvendo enérgicas ações tático-estratégicas, ações diuturnas com resultados preventivo-repressivos à altura do que a situação cotidiana está a exigir. 

PS: segue abaixo a crônica mencionada no início deste texto.
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Sindicato dos Ladrões, Arrombadores,
Assaltantes e Similares-Silada/RN


NOTA OFICIAL

A entidade supramencionada vem a público convocar tal e operosa categoria para que empreenda esforços a fim de implantar no Rio Grande do Norte um regime de terror e dominação em 2016. 

Sabedores de que a Polícia Militar não dispõe de tropas, recursos ou número suficiente de viaturas para nos enfrentar, envidaremos esforços para que todos os nossos associados possam usufruir de tal estado de coisas com total liberdade e desenvoltura. 

As explosões de cofres em bancos em Natal e interior do estado são o comprovante exato do que acima afirmamos. Assim, bravos companheiros, não temamos: vamos agir com vigor e força a fim de assegurar a todos e a cada um de nós o que é de direito: assaltar, arrombar, roubar e agir sem temor já que a PM não tem condições, como supramencionado, de nos enfrentar. 

É imperioso notar que a falta de vigilância é indício fortíssimo de que especialmente Natal não dispõe de um sistema de ronda digno desse nome.
Assim, temos literalmente a obrigação de, como profissionais competentes e respeitáveis no mundo do crime, trabalhar para garantir nosso bom nome perante os demais membros de nossa comunidade, seja nacional ou internacionalmente. Sejamos, portanto, literalmente bons ladrões. 

O bom ladrão não descansa. O bom ladrão agride sempre; o bom ladrão não perde oportunidade seja domingo, feriado ou dia santo; o bom ladrão é atrevido; o bom ladrão, se preciso, mata. O bom ladrão, em suma, não está nem aí: faz e acontece. 

Assim sendo, colocamo-nos à disposição de todos os companheiros: que andam sempre bem armados e botem pra quebrar.
                                    
                                     A DIRETORIA