segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Os ladrões sabem que nós sabemos que eles sabem que nós sabemos que eles são ladrões

Louvemos os ladrões

Louvemos os ladrões. São raça antiga, universais sujeitos. Louvemos os ladrões. 
Guto Cassiano

Como os bons médicos, os bons engenheiros, os bons pedreiros, os advogados plenos, há também os bons ladrões. 

Aqueles que se destacam pela agilidade mental, pelos gestos perfeitos, pelo conhecimento que têm, louvemos os ladrões. Mais são também ladrões aqueles que, sob o título genérico de políticos, roubam à tripa forra e nada lhes acontece. 

São injustos, cruéis, perversos, malsinados; mas são ladrões, ladrões, ladrões, ladrões, ladrões. São encontradiços desde o governo federal aos governos estaduais, câmara dos deputados, assembleias legislativas, vereadores e gabinetes os mais secretos. Louvemos os ladrões.

São astutos, ligeiros, não têm alma. São ladinos, persistentes, afilados. Astuciosos, fazem leis e essas leis jamais os punem. Louvemos os ladrões, esses sabidos.

Roncam alto, como roncam. Mas estão sempre acordados nos acordos que perpetram. São ladrões, são miseráveis; que nos roubam, nos assaltam com palavras e com gestos. 

E assim fiquemos pasmos. Perplexos, cansados. E afinal, indignados, amaldiçoemos os ladrões, pois, como ladrões, apesar de tudo, ainda não nos roubaram a última coisa - o grito que devemos dar: 
                  Vocês são ladrões e sabem disso!

                  E sabem que nós sabemos que vocês sabem que nós sabemos que vocês são ladrões.