sábado, 19 de julho de 2014

Momentos, instantes, palavras...


 Vamos parar um pouco...
Emanoel Barreto

Vamos parar um pouco, por um instante, o tédio.
Vamos olhar com vista de marfim.

Quem sabe, em pouco, a claridade
nos chame a viver em tendas nas estrelas.

Vamos sentir, sem medo, a lua mansa.
Vamos chamar, sem grito, o sol nascente.

Quem sabe, em pouco, a noite nacarada
nos chame a viver em meio a um jardim.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Quando Piazzolla toca



Tango para Tereza
A manhã encontrou-me correndo em meio ao trânsito. Coisas a resolver.
http://www.camillecusumano.com/uncategorized/tango-on-the-mountain/
Minha mão, nessa correria, atirou-se, como se de mim independente fosse, a um CD de Astor Piazzolla – que, parece-me, os portenhos pronunciam “Piazôia”. Digo: na voz argentina essa dicção ganha foros de algo dramático, rubro, sanguíneo. Belíssimo. 

Quero bem demais a Buenos Aires para perder tempo com idiotices como a fabricada inimizade futebolística entre Brasil e Argentina. Disso não vou falar. 

Antes digo que, dos tangos ouvidos no carro,  lembrei-me, dentre eles, um dos mais belos: “Tango para Tereza”. Porque Tereza, Terezinha, é o nome da Minha Mulher a quem também chamo Nana, Nana Barreto. Rósea mulher que me caminha. 

Piazzolla, pelo menos não no disco que ouvi, não interpreta aquela música. Mas, nos meus ouvidos, em nenhum momento aquela composição deixou de ser ouvida. E afinal, cumpridas todas a missões da corrida manhã, cheguei à casa.

Então o lar virou um ambiente solar e lunar ao mesmo tempo. E então, para encerrar esta breve crônica, vou ouvir Tango para Tereza. Tenho olhos para ouvir e ouvidos para cantar. Buenas tardes Buenos Aires, buenas tardes, Tereza.

terça-feira, 15 de julho de 2014

Apertem os cintos, a polícia sumiu



Parabéns, ladrão, você venceu
Com a decisão de fechar às dez da noite os supermercados deram a senha aos cidadãos de que o crime venceu. A Polícia Militar não tem condições nem competência para enfrentar, reprimir e dominar os criminosos. Assim, atemorizados ante a ação dos bandidos os empresários capitularam, e não lhes podemos negar razão. 
http://www.negociosdojapao.com.br/aviso-para-os-ladroes/

É lamentável que isso ocorra. À falta de uma política de segurança somente cabe ao cidadão buscar refugiar-se em casa o mais rapidamente possível. É fazer as compras até aquele horário e, literalmente, escapar como se fosse ele o perseguido, o suspeito, o mal-intencionado.

Inverteram-se os papéis e, ao que tudo indica, não há nada a se fazer. Talvez, no máximo, uma oração, uma vela acesa, uma reza forte. E pedir a Deus que, esgotados todos esses esforços de fé, o desfecho não seja um rio de lágrimas por mais um trabalhador morto ao voltar à casa ou o lamento por uma senhora alvejada com um pacote de compras nas mãos. 

E se por acaso você que me lê não é um trabalhador, mas um ladrão, parabéns bicho, você venceu.