sábado, 6 de maio de 2017

Triste Brasil
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Os apóstolos – ou apóstatas – do Poder vão continuar a digladiar-se na luta da Lava Jato. Todos disputam o butim do Palácio do Planalto; Temer começa a temer pelo seu futuro. 

 E os demais buscam o condão de mandar e tanger os destinos mais imediatos do País. Não há santos, mas há uns que são mais demônios que os outros. 

Os apontados erros do PT foram a senha e a desculpa para desencadear a sanha, a gula e a luxúria da malta, da matilha afiada e afiliada aos prazeres de, ao mesmo tempo, ser elite e parecer igualada àqueles a quem chama de povo e em seu nome fala.


Triste Brasil. Como na letra de Caetano Veloso, as palavras do poeta se encaixam ao momento vivido: 

Triste Bahia, oh, quão dessemelhante…
Estás e estou do nosso antigo estado
Pobre te vejo a ti, tu a mim empenhado
Rico te vejo eu, já tu a mim abundante
Triste Bahia, oh, quão dessemelhante
A ti tocou-te a máquina mercante
Quem tua larga barra tem entrado
A mim vem me trocando e tem trocado
Tanto negócio e tanto negociante

Triste Brasil. Tenda de negócios, ambiente de coito político. Triste Brasil. Teus passos te encaminham ao abismo e sabes disso. Vivemos continuadas quartas-feiras-de-cinzas. Dentes de aço estão rilhados e não desistirão de ver-te, Brasil, repartido como esbulho de piratas. Pega, cabroeira! Pega!



sexta-feira, 5 de maio de 2017



A crise na política; o povo da bandeira suja

Quando eu era criança o Brasil representava, na minha ingênua compreensão, a “pátria amada, salve, salve”, a expressão exata do nosso hino. 

E lá vinha o sol saindo bem por trás da bananeira; não era lua não era nada. Era a bandeira brasileira – linda e florestal, materna e tremulante. Para completar, o Brasil era o país do futuro. E o futuro era solar e lindo. 

Hoje o Brasil está exposto. Afinal o país foi exposto. E tudo o que vivia escondido, movimentando-se nos esconsos sórdidos da política e seus periféricos aparece agora como sempre foi: tudo intensamente lastimável, as instituições expostas em suas práticas imorais, tão antigas quanto nossos quinhentos anos. 

Você vê ladrão quando olha pra frente/ você vê ladrão quando olha pra trás dizia Bezerra da Silva. 

A simplicidade da letra dá com exatidão a medida do quanto estamos sob o domínio de autoridades e poderosos que se guiam pelos piores intentos; o quanto vivemos atrelados a leis injustas, voltadas para garantir a desigualdade e o aviltamento dos que trabalham e cobram dignidade e decoro. Vide as novas legislações trabalhista e previdenciária.

Afundado num complexo descalabro que envolve desonestidade, iniquidade, violência, crime organizado, políticos e empresários emporcalhados, culto à esperteza e desvario administrativo, o país e seus mandatários são uma espécie de sacrário de indignidades, depósito sem fim de sedimentos de uma corrupção que se institucionalizou.

Estamos, pouco a pouco, com o andar da Lava Jato, chegando ao ponto de fulgor. Semana próxima o juiz Sérgio Moro interroga Lula, cumprindo-se o espetáculo midiático da operação Lava Jato.
Vamos ver o que se fará com Temer e seu mandato no Tribunal Superior Eleitoral.

Vivemos um tempo de incertezas, uma era de mediocridade radiante e momentaneamente vitoriosa, uma idade de hipocrisia hegemônica e, não há como esconder, cruel e que se expande.

E como já citei poesia valho-me de Castro Alves para encerrar: 

Existe um povo que a bandeira empresta
Pr'a cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!...