quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

 Fim da era  Trump

Do mal será queimada a semente, o amor será eterno novamente

Por Emanoel Barreto

O título deste artigo, inspirado nos versos belíssimos de Juízo Final, composição de Nelson Cavaquinho, servem à perfeição para empalmar o fim da Era  Trump e uma possível mudança de rumos históricos dos Estados Unidos, superando-se a política de ódio, embuste e perversidade de Trump.

Ao ver a imagem do Minotauro seguindo para o helicóptero que o levaria da Casa branca me veio a sensação de um certo alívio. Sei que sua semente é forte, os loucos que o seguem não desistirão de repente. Mas o tempo, o seguir dos acontecimentos, fará com que seja queimada sua sementeira de horrores. Tudo passa...

O Minotauro tem seguidores no Brasil. Tanto que o mestre dos desastres, aquele que ocupa a presidência da República, o estima como a um ídolo e vê nele exemplo a ser imitado.

O mestre dos desastres transformou o país no grande, perigoso, profundo e escuro labirinto, com milhares de quilômetros de confusão de idiotices, desgraçadas idiotices.

 A última delas é o perigo de ficarmos ao léu, esperando a continuidade da vacinação, dependentes que somos da China contra quem o mestre dos desastres conseguiu construir uma muralha de desentendimentos.

A queda do Minotauro deverá ter consequências aqui. O novo presidente americano está em total desalinho com a pauta desvairada do mestre dos desastres, e já manifestou preocupação com a terrível realidade da Amazônia hoje sob ameaça de vir a ser terra arrasada.

Esperemos que com o início da um novo mandado, sob Joe Biden, tenha início também uma nova era, melhor, menos cáustica e turbulenta. Claro que os Estados Unidos não têm o Brasil como prioridade, somos geopoliticamente desimportantes.

A América do Sul como um todo é desimportante. Mas a mudança de presidente já é algo positivo. E quem sabe, com o fim do governo do mestre dos desastres o amor será eterno novamente.

 

segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Vacina: o uso emergencial do direito à vida

Por Emanoel Barreto

Quando o Butantan pedia à Anvisa autorização emergencial para o uso da vacina pedia na verdade autorização para o uso emergencial do direito à vida. 

Quanto mais demorava a decisão maior eram a angústia e o temor das pessoas dignas de ser reconhecidas como seres humanos dotados de escrúpulos e respeito pelo seu semelhante. Enquanto isso a pandemia, a pandemia, a pandemia...

Por sua vez, o outro lado, a banda sombria, o flanco trevoso e lúgubre apostavam na improvável vinda de uma vacina originária da Índia – e deu no que deu: Bolsonaro falhou miseravelmente em seus planos e nada conseguiu pois o governo do país asiático negou-lhe qualquer apoio, prestígio ou apreço.

Sai pra lá. Índia acima de tudo, foi o que de alguma forma lhe foi atirado na cara. Se fosse por Bolsonaro estaríamos sem nada.

E mais: sem o Butantan estaríamos sem vacina. Temos tecnologia de ponta e ficamos mendigando como dalits, segmento social vigente na Índia e composto pelos últimos dos últimos, pelos intocáveis, mulheres e homens cercados de preconceitos e injusta rejeição.

Afinal, venceu o bom senso e o uso emergencial do direito à vida está em vigor. Bolsonaro vergou-se à realidade e cambaleou, foi derrotado.  

A vacinação é algo tão bom e tão justo que acolhe até mesmo os que defendem que sejamos como os dalits. Essa é outra face daquilo a que se chama democracia, ou ética, ou humanidade, ou solidariedade – você escolhe.

 Para encerrar: chegada a vez dos que defendem que sejamos como os  dalits tais indivíduos terão também direito à vacina, vale dizer terão direito à vida. Espero que vivam em paz.


domingo, 17 de janeiro de 2021

 A ética dos monstros

Por Emanoel Barreto

A ética dos monstros da pandemia tem por base o livre arbítrio e se manifesta em  sorrisos que explodem em gargalhadas noite adentro em festas monumentais. A alegria dos monstros lhes justifica qualquer coisa bastando invocar, insisto, o livre arbítrio.Ele escolhe ir ao rega-bofe e quem quiser que morra. Literalmente.

O monstro da pandemia é alguém que caminha pelas ruas calmamente, não tem os aleijões cinematográficas típicos, pode até ser afável, elegante e sabe todas as novidades do que seja fútil e lhe traga alguma forma de felicidade empacotada.

De dia a besta fera usa seus disfarces sociais de elegância e até finesse e ninguém a percebe como perigosa - até porque essências são invisíveis. Mas o monstro, a aberração, pode ser visto à noite. Sua brutalidade se manifesta quando vai a uma grande festa. Notou que estão muito em moda festas monumentais, acontecimentos extravagantes, gente correndo para aglomerações insanas e insólitas?

É nessas festas que os monstros são vistos em toda a sua crueza de alegria disparatada. A farra sempre é garantida como "segura e dentro das normas sanitárias", e aí vêm "informações" que todos sabemos hipócritas e mentirosas: haverá distanciamento social, álcool em gel para todos, medição de temperatura, blá-blá-blá. Tudo mentira.

É aí que entram as autoridades, ou melhor: é aí onde se omitem as autoridades – ninguém faz nada para impedir tais acontecimentos, como se vivêssemos o melhor dos tempos.

As autoridades omissas são parte cúmplice da ética dos monstros. Foi assim no Amazonas. Pode vir a ser aqui também. Depois não se poderá reclamar. Mas pode ser de tirar o fôlego.