sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Mi Buenos Aires querido

Caros Amigos,
Estou em Buenos Aires. Aqui, visitei La Boca e Caminito, por onde andou Carlos Gardel, aliàs, Charles Gardes, que nao era argentino, mas frances, filho de uma lavadeira imigrada à Plata.

Elegante, com seus edificios rotundos e imponentes, ornados de uma espècie de beleza austera e enigmàtica, a cidade è encantadora.

O tempo frio obriga o uso de trajes pesados. Hà um clima de displicente formalidade no caminhar pelas calcadas. Algo como uma solene sinfonia de passos, um balè coreografado e levemente caòtico. A brisa fria da tarde lembra um tango que dissolveu-se no ar.

Nas lojas, a economia està indexada ao dòlar e ao real. Os vendedores sao atenciosos e entendem facilmente o portunhol. Bom estar aqui. Vamos ver se amanha tenho mais tempo que hoje para escrever.
Um abraco,
Emanoel Barreto
PS - A falta de sinais graficos deu-se pelo fato de que a computadora - como sao conhecidos por aqui os computadores - esta com problemas. Fiz o possivel, mas foi impossivel solucionar. Hasta luego.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Volto logo

Caros Amigos,
Estarei fora por uns quinze dias. Sempre que possível, atualizarei o Coisas de Jornal. Enquanto isso, deixo vocês com a poesia de Cora Coralina.
Um abraço,
Emanoel Barreto

Conclusões de Aninha

Estavam ali parados. Marido e mulher.Esperavam o carro.
E foi que veio aquela da roçatímida, humilde, sofrida.
Contou que o fogo, lá longe,
tinha queimado seu rancho,e tudo que tinha dentro.

Estava ali no comércio pedindo um auxílio
para levantar novo rancho e comprar suas pobrezinhas.
O homem ouviu. Abriu a carteira tirou uma cédula, entregou sem palavra.

A mulher ouviu. Perguntou, indagou, especulou, aconselhou,se comoveu
e disse que Nossa Senhora havia de ajudar. E não abriu a bolsa.

Qual dos dois ajudou mais?
Donde se infere que o homem a

juda sem participar e a mulher participa sem ajudar.
Da mesma forma aquela sentença:
"A quem te pedir um peixe, dá uma vara de pescar."

Pensando bem, não só a vara de pescar,
também a linhada,o anzol, a chumbada,
a isca, apontar um poço piscoso
e ensinar a paciência do pescador.

Você faria isso, Leitor?
Antes que tudo isso se fizesse
o desvalido não morreria de fome?
Conclusão: na prática, a teoria é outra.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Eles estão se acertando

Caros Amigos,
Renan Calheiros voltou sem alarde ao senado, o Governo busca uma aproximação com seus ditos oposicionistas para aprovação da CPMF, o PSDB sinaliza sinais de fumaça amigáveis ao Governo. Tudo como dantes no quartel de Abrantes. Tudo se acertando direitinho, nas entrelinhas, no silencinho torto do Poder que age a portas fechadas. Tudo se acerta: Renan volta se alarde, parece que vai mesmo perder a presidência do senado, e o Governo acena, que amável, ao PSDB, para um acordão em favor da CPMF.

Temo que o imposto continue a ser sugado dos brasileiros, sob a alegação de que é imprescindível. Temo que o álibi seja o velho recurso do "apelo ao bom senso", para que o imposto seja novamente perpetrado.

Apela-se ao bom senso quando é para a retirada de dinheiro das contas, da vida dos cidadãos; mas ninguém pensa em bom senso quando é para se tomar uma decisão como aquela que dará ao Brasil o ônus de pagar para que jogadores do futebol fiquem mais ricos e para que a elite de endinheirados que lucra com esse esporte torne-se ainda mais rica. E o pior é que o povo irá pagar. E aplaudir.

Apela-se ao bom senso em favor da CPMF, mas não se apela ao bem senso para uma ação firme e poderosa contra aqueles que destróem a Amazônia, a Mata Atlântica e ameaçam de poluição o Aqüífero Guarani. Apela-se em bom senso em favor do lesa povo, enquanto milhões de brasileiros enchem a boca de gol e estão de barriga vazia de direitos e cidadania.
Emanoel Barreto