segunda-feira, 22 de abril de 2013



You can’t always get what you want

O título desta crônica foi tirado de composição dos Rolling Stones. Em tradução livre, quer dizer mais ou menos que você não pode ter tudo o que deseja. E tem tudo a haver com a história que vou contar.
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Seguinte: corria o ano de 1975 e eu era repórter do Diário de Natal, editoria de polícia. Certa vez, procurando telegramas que tratassem de assuntos da área encontrei uma história incrível. Rodriguiana, totalmente rodriguiana. 

Dizia o seguinte: um sujeito, batendo pernas por uma rua do Rio de Janeiro, deu de cara com uma cena que o deslumbrou: mulher gravemente bela varria a calçada da casa. O olhar do homem deslumbrou-se com a visão, que gerou nele uma epifania de encantamento; um misto de desejo e, ao mesmo tempo, respeito sagrado por aquela vênus. 

A partir de então passou a cumprir com seu ritual de ânsias platônicas. A mulher passou a ser a santa deliciosa, a madona de prazeres ocultos, proibidos encantos. O interesse virou obsessão, a obsessão transformou-se em decisão: estava pronto, iria dirigir-se a ela. 

E se assim pensou melhor o fez: certo início de noite, munido de revólver, invadiu a casa e ali encontrou-a. A ela e ao marido. Na sala.  Pego de surpresa, o casal não reagiu. Homem e mulher pediram que se fosse. Caso quisesse assaltar, poderia levar tudo. 

Possesso de todas as vontade, embriagado de licenças, mandou que o casal se calasse. Eles obedeceram. Então, ele mandou: queria que a mulher tirasse a roupa: lentamente. Foi inútil o pedido para que não, não fizesse aquilo. Ele determinou, a arma tremendo na mão e não houve jeito: a mulher obedeceu, trêmula.

Ela livrou-se primeiro da blusa, depois da saia; do sutiã em seguida, e então da peça mais íntima, ao sul do seu corpo fêmeo.  A calcinha caiu ao chão. Afinal, após todas as angústias vividas só para si, ele a viu nua: seios opulentos, ancas suntuosas, o vértice feminino adornado de delicado e denso veludo negro. 

E então, aconteceu: tonto de paixão, atordoado de beleza, ofegante daquela sórdida alegria, o coração desesperado em síncope de blue, ele deixou cair a arma, pediu perdão ao casal, girou nos pés e caiu morto daquela encantação maligna e deslumbrante.