sábado, 3 de dezembro de 2011

Joan Baez - Gracias a la vida

Deu na Folha

Foto inédita mostra Dilma num interrogatório de 1970

Revista Época/Reprodução

A foto acima exibe Dilma Rousseff no frescor da juventude. Foi clicada em novembro de 1970, na sede da Auditoria Militar do Rio de Janeiro.

Presa pela ditadura, a então guerrilheira Dilma –ou Estela ou Vanda ou Luíza, seus codinomes na clandestinidade— tinha escassos 22 anos.

No momento em que a máquina fotográfica foi acionada, ela estava sendo interrogada. Repare num detalhe: os inquisidores escondem o rosto com a mão.

Deve-se a veiculação da imagem ao repórter Ricardo Amaral. Içou-a das páginas do processo contra Dilma na Justiça Militar. E  acomodou-a num livro que chega às prateleiras no próximos dias.

Chama-se ‘A vida quer Coragem’. Foi impresso pela Editora Primeiro Plano. Contém uma reportagem de fôlego de Amaral. Relata os passos de Dilma da guerrilha até o Planalto.
A foto e trechos da obra foram publicados pela revista ‘Época’, um dos veículos para os quais Amaral já trabalhou.

Os pedaços do livro que tratam de 2010 trazem o relato de olhos que perscrutaram os subterrâneos da campanha petista.
Amaral foi assessor da Casa Civil da Presidência e também da campanha de Dilma. 


sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Veja só que festa de arromba

Foto: Aldair Dantes, Tribuna do Norte
Natal em carne-viva na esbórnia do Carnatal

Mesmerizados: o pesadelo vem depois do Carnatal
Enquanto uns poucos se divertem com o Carnatal, Natal está em carne-viva: o Auto do Natal foi suspenso por falta de dinheiro da Prefeitura para custear o evento. Para completar, ouvi na Rádio Universitária FM que o funcionalismo municipal está em pé de greve: não foi pago o décimo-terceiro mês, esse abono providencial que ameniza a vida do trabalhador no fim de ano.

Ao que parece vivemos um sonho louco que lembra aquela tela de Salvador Dali, uma que tem por nome a esquisita palavra "Mesmerizado", isto é: enfeitiçado, hipnotizado.

Retraduzindo para o nosso caso: uma alucinação coletiva em que se comemora de alguma forma a entrada de Natal na fase preparatória da esbórnia da Copa do Mundo, se festeja não-sei-o-quê no Carnatal, digo Carne-Viva, e se escarnece do funcionalismo público que não recebera seu dinheiro até hoje de manhã.

Desassizados e  insensatos de todos os matizes reúnem-se para festejar o descalabro pago com o dinheiro público. Pelo menos 1.200 policiais trabalham no Carne-Viva toda noite. São substituídos dia seguinte. Essa tropa falta nas ruas, becos, esquinas e espeluncas. Falta polícia, falta, falta tudo. E o povo no Carne-Viva tem a pipoca para se enganar: gente empilhada atrás de um trio elétrico. Gente que no Carne-Viva nada mais  que carne-seca.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Deu no Globo

Senado aprova PEC que exige diploma em jornalismo



Documento não é obrigatório desde 2009, após decisão do STF sobre sua exigência


BRASÍLIA - O Senado aprovou em primeiro turno nesta quarta-feira, por 65 votos a 7, a proposta de emenda constitucional que exige o diploma em jornalismo para exercer a profissão. A PEC, que tem como relator o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE), é de autoria do senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), e ainda precisa ser votada em segundo turno no Senado.

A PEC tem parecer favorável da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. A votação em plenário teve protesto do líder do DEM, senador Demóstenes Torres (GO). Ele reclamou por não haver acordo de líderes para levar a PEC a voto.

Em junho de 2009, por maioria, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que era inconstitucional a exigência do diploma de jornalismo e registro profissional no Ministério do Trabalho como condição para o exercício da profissão de jornalista. O entendimento foi de que o decreto-lei baixado durante a ditadura, com a exigência do diploma, feria liberdade de imprensa e contrariava o direito à livre manifestação do pensamento
A base de pesquisa Comunicação, Cultura e Mídia fará amanhã o laçamento de e-book com estudos sobre o tema. Participo com o artigo "A Folha de S. Paulo, o Grande Irmão e as Diretas Já", onde analiso como o jornalão dos Frias se tornou hegemônico. Segue o convite para o lançamento.

Convidamos a tod@s para o lançamento do livro 'Comunicação, Linguagem e Inovações Midiáticas' que será realizado nesta quinta-feira, 1º de dezembro, às 17 horas no auditório do Laboratório de Comunicação da UFRN. A publicação, organizada pelos professores Adriano Lopes Gomes e José Zilmar Alves da Costa, reúne artigos de pesquisadores do Grupo de Pesquisa Comunicação, Cultura e Mídia (COMÍDIA).

A obra, editada pela Editora da UFRN, será lançada no formato de e-book e já está disponível para download em www.comidiaufrn.blogspot.com

A reconfiguração da comunicação midiática na esfera pública contemporânea vem promovendo uma série de transformações sociais que, de igual modo, possibilita novas reflexões sobre a cultura, a economia, a política e a organização da vida cotidiana. Reconhecer esse novo cenário implica problematizar questões que envolvem os sujeitos e suas relações com o meio. Tal situação particulariza uma realidade que necessita ser investigada sob diversos aspectos em cujo contexto estão os mecanismos de interação entre os atores sociais e a mídia, do ponto de vista da produção de sentido e das práticas sociais. 

Foi pensando assim que a base de pesquisa Comunicação, Cultura e Mídia gerou vários temas epistemológicos para compreender este novo fenômeno social, reunidos em três eixos: a comunicação, a linguagem e as inovações midiáticas.

Esta é a segunda publicação do nosso grupo, porém com a perspectiva que, inclusive, norteia o presente trabalho: um livro eletrônico, que possibilitará o maior acesso aos artigos que aqui estão elencados, na perspectiva da democracia do conhecimento. O livro reúne trabalhos de professores-pesquisadores e alunos de pós-graduação em níveis de mestrado e doutorado, os quais se utilizam dos estudos culturais, da economia política da mídia, da etnometodologia e da análise do discurso como métodos de investigação.

A COMÍDIA funciona desde 2003 e tem como principal compromisso desenvolver estudos e pesquisas sobre a comunicação midiática e suas interfaces com a cultura, cujos frutos se refletem em suas várias iniciativas de natureza científica, tais como: realização de seminários, conferências, colóquios, fomento à iniciação científica, produção de artigos e publicação de livros.
Acreditamos que estamos cumprindo o nosso papel de pesquisadores, com vistas ao engajamento do grupo à comunidade científica.

Adriano Lopes Gomes e José Zilmar Alves da Costa, organizadores
Música no Natal

Walter Medeiros* 
 
A proximidade dos festejos natalinos, que sempre gera algo contagiante e envolvente, realçando a felicidade, a bondade, a ternura, simpatia, amor e tantos outros sentimentos bons, mundo afora, sempre aguçou minha atenção. Quando criança, lembro dos presentes que ganhei; não foram tantos, mas todos foram muito valiosos: do dominó verde trazido pela minha prima Socorrinho, ao Gordini azul presenteado pela minha irmã Clemilda, e o dinheiro que meu irmão Wellington dava para eu comprar o que quisesse e aproveitava para gastar na Livraria Moderna.

Guardo na mente também as vitrines da Cidade Alta, que nos anos 70 e seguintes atraiam a freguesia com aqueles motivos de recursos propagandísticos ainda parcos, mas da melhor qualidade. Assim encontrávamos objetos para realizar sonhos no Magazin Jóia, de Auta Vieira e irmãos; na Galeria do Barão do Rio Branco; na Lobrás; Americanas, enquanto não chegava a nova dimensão do comércio de Natal, através do Hiper Bom Preço, Carrefour e shoppings. Até a chegada dessas grandes estruturas, tudo que se tinha para momentos com a família na cidade eram as lanchonetes e a Casa da Maçã. Só depois é que surgiram as pizzarias.

Em meio a esse clima natalino, que começou faz tempo, vou olhar as vitrines de um grande shopping, em busca de alguma novidade que justifique novo entusiasmo. E encontro. Numa prateleira ou outra, lá está sempre um objeto que faz brilhar os olhos e toca o coração pela descoberta de algo com a impressão de que quem o receber de presente irá vibrar e valorizar.  Ou aquele objeto que fica bem em algum lugar da casa, para tornar o ambiente mais agradável a quem nos visitar.  No fundo, todos com aquele aspecto de Décimo Terceiro Salário, gratificação natalina que começou com esse nome, depois passou a ser tratada só como “décimo terceiro” e agora já chamam de “décimo”.

Em meio a essa andança, ouço um piano solitário, executando bela música clássica, que me leva para dentro de algum castelo, na Renascença, e aos bailes que embalaram os corações da humanidade através da história. Fico sensibilizado e grato pela feliz escolha do programador do shopping, lembrando inclusive do tempo em que sonhei em ser discotecário da rádio, mas o destino me transformou em repórter. Era uma música daquelas que o popular extraiu do erudito e a transformou em universal. Mas em meio a esta sensação, passa um cidadão com uma impressão diferente, aquela que foi formada no tempo em que a Paixão de Cristo e outros momentos eram embalados pelas músicas clássicas, e exclama: “agora tão tocando música fúnebre, né?”

Nem vi o cidadão, que passou rapidamente, mas suas palavras alteraram completamente a cena. Como acontece muitas vezes as coincidências da vida, poucos passos adiante vejo ninguém menos que o Padre Pedro Ferreira, uma das pessoas mais qualificadas para falar sobre música. Aquele mesmo andar calmo, aquela mesma voz forte de sempre. Aí conto o ocorrido. Com a bagagem imensa de pesquisador e músico, ele esboça aquele sorriso que vai além do homem comum que classifica as músicas. E fala com a grandeza do sacerdote: “veja como são diferentes as percepções”. E ao final roga para que Deus me acompanhe. Como a música é mesmo divina, saí me guardando para ouvir, no Natal, aquela música que conheci através da sua regência no coral da UFRN: “Hallelujah”.
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*Jornalista

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Chuva menina na manhã nascente

Fui acordado por uma chuva menina que resolveu não sei porquê brincar nos telhados de Natal de manhãzinha. Pedi que ela ficasse o dia inteiro e me contasse coisas de nuvens, de pássaros e das travessuras que faz escondendo e atrapalhando o sol quando ele quer enfeitar as praias e as mulheres bonitas, os barcos e as ondas.


http://www.google.com.br/imgres?q=chuva&hl=pt-BR&safe=off&client=firefox-
Mas ela disse que não, que tinha de passar lá do outro lado do Atlântico: compromisso com uma linda praia d´África, onde elefantes e leões às vezes aparecem e se metem na água com estardalhaço.

De lá, linha reta à Europa. Passar em Portugal, ouvir um fado, girar até Londres se misturar com o fog e depois lavar a imponência do Coliseu, Roma. Em seguida... bom , disse que não sabia. Mas ia dar uma volta ao mundo, com certeza, penetrando na escuridão temerária da jângal indiana; tigres, já pensou?


No fim a chuva partiu, mas garantiu-me: qualquer dia volta bem cedo e vem molhar minha grama. Deixou-me uma gota de luz de presente e uma imagem de esplendor no ar.

domingo, 27 de novembro de 2011

Faces Faces Faces Faces Faces Faces Faces Faces Faces Faces Faces

Dercy Gonçalves
http://www.google.com.br/imgres?q=derci+gon%C3%A7alves&hl=pt-BR&safe=off&client=firefox-a&hs=3I8&sa=X&rls=org.mozilla:en-US:official&biw=1024&bih=602&tbm=isch&prmd=imvnso

A destruição do Machadão

http://pt.fifa.com/worldcup/news/newsid=1529425/index.html

  "Encha o bucho de gol. Você merece"


Atacado pelos dinossauros de metal o Machadão viu-se em escombros. Pudera. O estádio vivia sua condição de poema de concreto. E, como se sabe, poemas pouco podem contra a brutalidade, a insânia, o ato violento. Sua destruição foi o passo inaugural da intentona da Copa do Mundo. 

Para a consecução do desastre, rios de dinheiro serão atirados no estuário que desemboca no fosso escancarado das despesas com a Arena das Dunas. Arena. Sinistro nome. Arena lembra sofrimento, dor, enfrentamentos brutais. Desde os gladiadores, que em Roma faziam o espetáculo. 

A construção da Arena agora terá início. Farônica. Talvez até se possam invocar as almas avoengas dos desgraçados que ergueram as pirâmides. Para que revivam aqui sem pleno sofrimento. Nosso sol nordestino tem o mesmo calor vulcânico do sol que queimou as costas dos que levantaram as pirâmides, pedra sobre pedra. 
 
O dinheiro que será gasto fará falta à saúde, à educação, à segurança, às estradas, à cultura. Onde houver um problema social aí haverá a ausência dessa fortuna.
Mas infortúnios não faltarão, disso estou certo. E iniciada a Copa, quando derem o primeiro grito de gol, haverá o último suspiro de alguém a quem faltou o remédio, quem sabe até mesmo a esperança de seriedade nos que fazem - e desfazem - a história e o futuro.

Ai, dirá o povo. Calaboca, dirão os poderosos. Encha o bucho de gol, você merece.