sábado, 18 de agosto de 2007

Prisão em boa hora

Caros Amigos
A Justiça americana condenou a "bispa" Sônia Hrnandes e seu marido e sócio no empreendimento Igreja Renascer, "apóstolo" Estevan Hernandes, a dez meses de prisão, com cinco meses na cadeia e cinco em domicílio. Além disso, informam as coisas de jornal, cada um pagará 30 mil dólares de multa, ambos perderão os 56 mil dólares não declarados quando entraram nos EUA e ambos permancerão por lá durante dois anos, sob liberdade condicional. Ótimo.

É assim que Justiça tem que agir, muito embora eu entenda que a pena foi muito suave, uma vez que, enganar a milhares de pessoas, num país como o Brasil, pessoas pobres, ignorantes e de boa-fé, para mim é um crime de lesa-povo e deveria caber uma forma mais pesada de prisão.

De qualquer maneira, foi um duro golpe na organização que, aparentemente, perde força com a imobilização de seus dois principais mentores. Mesmo assim, há um perigo: como são mestres nas artimanhas do marketing, irão usar sua prisão como martírio e transformar sua condição de criminosos em situação de pregadores do divino, incompreendidos e assim atacados pelos infiéis.

Diariamente, milhões de brasileiros são enganados e dão contribuições a esses "pastores" midiáticos, num processo cruel de exploração pela manipulação do sofrimento alheio. Ao que sei, o Brasil permite a liberdade de culto. Entretando, não creio que se permita liberdade de furto.
Oremos.
Bom fim de semana.
Emanoel Barreto

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Eles vão pagar caro

Caros Amigos,
A Justiça americana está para decidir sobre a pena a ser aplicada ao casal Estevan Hernandes Filho e Sônia Hernanes, fundadores da Igreja Renascer. Ele se apresenta como "apóstolo" e ela como "bispa", cargos que se auto-outorgaram quando fundaram sua organização, que recolhe dinheiro de milhares de ingênuos brasileiros que acreditaram estar participando realmente de uma intituição cristã.

Foram presos dia 9 de janeiro, quando entravam nos EUA com 56 mil, 467 dólares escondidos em uma bolsa, na capa de uma bíblia, em um porta CDs e uma mala. Deveriam ter declarado à alfândega que estavam chegando como mais de dez mil dólares.

Essa quantia lhes valeu a prisão domiciliar que cumprem em um condomínio de luxo em Miami. Seus deslocamentos são monitorados por um aparelho eletrônico preso ao tornozelo de cada um.

Acho que Justiça é isso: rapidez e firmeza de decisão com pessoas que entram para - vou usar um lugar comum -, o "mundo do crime". Estima-se que peguem até 16 meses de prisão.

O casal é parte desse grande esquema de religião midiática que se espalha pelo mundo, ganhando muito dinheiro com a suposta propagação da fé. Prometem-se milagres, vida em abundância e uma existência paradisíaca a quem se filiar a qualquer dessas entidades ligadas ao sistema do religion biz.

Como o mundo vive um tempo de temores, insatisfações, a angústia grassa como uma tempestade e as pessoas, em seus múltiplos problemas cotidianos, não têm a quem apelar, tais "pregadores" fundam "igrejas" e passam a preencher o vazio ou o desespero existencial de quem precisaria mesmo era de emprego ou de um bom psicólogo e assim conseguem, de uma hora para outra, transformar-se em milionários.

A televisão é usada à larga por esses pregadores da fé midiatizada, o que inclui parcelas da Igreja católica, também useiras e vezeiras do rádio e TV para amealhar milhões.

No Brasil nada lhes acontece. Mas nos Estados Unidos, onde a lei é para ser cumprida, o casal amarga um bem aplicado calvário. Um calvário soft, bem sei, mas, de qualquer forma, uma punição a quem se apresentava com galardões de pregoeiros da fé e salvacionistas.

Entendo que a pena de 16 meses de prisão será pouco frente aos abusos que praticaram, utilizando-se da boa-fé de incautos para acumular fortuna.
De qualquer maneira, já é alguma coisa. Eles estão pagando o dízimo de César, quando ousaram entrar na terra que se tornou a pátria dos trinta dinheiros.
Emanoel Barreto

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

...e os jornais não disseram nada

Caros Amigos,

Percorrendo as páginas da net não vi, nas coisas de jornal, quaisquer informações ou registros a respeito da morte de Joel Silveira. O jornalismo é assim: quando da morte de figuras preeminentes dos mais diversos setores, às vezes ocupa páginas e páginas, merecidamente, relatando sua vida,documentando o seu perfil. Entretanto, quando retira-se da redação da vida um velho repórter, nunca, jamais, em tempo algum, há documentação jornalística maior. É uma das tradições perversas do jornalismo brasileiro: o esquecimento dos jornais àqueles que os fizeram.

Em Natal, somente uma matéria no Jornal de Hoje Primeira Edição, teve algum relevo. Nos demais, nada, ou quase. Somos uma categoria que forma opinião, está sempre passo-a-passo com os acontecimentos, às vezes antecedemo-nos ao tempo, muitas vezes corremos perigo, fazemos inimigos.

Não estou querendo dizer que a categoria é composta de santos e vestais. Muito pelo contrário, nosso perfil, que exige-nos agressividade e competitividade para o dia-a-dia das notícias, ajuda muitas vezes a formar grandes formuladores de cicuta, exímios e crotálicos alquimistas.

O que quero dizer é que, para os jornais, somos apenas - e não mais que isso -, peças da grande engrenagem do fordismo de nossa profissão. Joel se foi, os jornais ficaram.

E por falar em jornal, a primeira páginda do JB, que hoje é uma espécie de colcha de retalhos de fait divers, saiu hoje, em sua parte inferior, quase toralmente tomada por anúncio do Banco Itaú. Isso dá bem uma idéia da política editorial do JB: transformar-se num impresso, num infotainement, para ser vendido de qualquer maneira. Até desenhos da fada Sininho e da Cinderela já estiveram ocupando espaço nobre, no alto da coloridíssima primeira página do antes respeitável Jornal do Brasil.
É isso. E continua essa vida.
Emanoel Barreto

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

O repórter parou

Caros Amigos,

E lá se foi Joel Silveira. O homem do texto exímio, o colunista, o contista, o repórter que cobriu a Segunda Guerra para os Diários Associados aos 26 anos, despediu-se da vida no silêncio de uma velhice sofrida, amargando um câncer e desejando morrer.

Quando seguiu para a missão na Itália, partiu com o seguinte incentivo de Assis Chateaubriand: "Você vá, mas não me morra!"

Mesmo levando em consideração que publicou mais de 40 livros e destacou-se como repórter em todo o Brasil, para mim sua fase mais marcante foi mesmo a cobertura da guerra, chegando à Itália em 1944, em pleno inverno.

Suas memórias do front foram inicialmente publicadas sob o título Histórias de Pracinhas, em 1945, reeditadas depois como O Inverno da Guerra. Trata-se de obra tensa, em que se percebe o trabalho do jornalista em campanha, com todos os perigos e brutalidades que isso implica.

Sergipano, nasceu dia 23 de setembro de 1918. Foi para o Rio de Janeiro aos 18 anos e não parou mais, sempre crescendo no jornalismo.

Sobre o conflito disse: "Confesso que não foi exatamente por delicadeza que naqueles nove meses perdi uma parte de minha juventude, ou o que restava dela. A Guerra é nojenta. E o que ela nos tira, quando não nos tira e vida, nunca mais devolve."

Acho que o jornalismo brasileiro vem perdendo, ou já perdeu, os grandes repórteres, os grandes caçadores de notícias, comprometidos com o dever de informar, opinar e interpretar os acontecimentos. Perdeu aquele sabor de aventura, de risco de vida (ou de morte como andam dizendo), de trabalho que ele sabia ser da maior importância.

A morte, no entanto é pior que a guerra. Ela sempre nos tira e vida e nunca mais devolve. Tirou Joel aos poucos, exaurindo suas forças lentamente. Até que o repórter parou.

Emanoel Barreto

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Onde está o dinheiro?

Caros Amigos,
O Governo, seus aliados e a oposição começam a discutir a prorrogação da CPMF, que deverá ficar valendo até 2011. Ou seja: prepara-se, no Congresso, mais um ataque ao bolso do brasileiro, ou melhor, a manutenção desse ataque, que vem sendo perpetrado desde 1994, quando então o poderoso era Fernando Henrique Cardoso.

O então chamado imposto do cheque deveria ter ser recursos voltados para a área da saúde, mas depois isso foi esquecido. Entendo que tal, na verdade, é uma espécie de invasão da privacidade bancária de todos os que fazem qualquer movimentação financeira.

Entendo, mais claramente, que trata-se de um esbulho às economias das famílias brasileiras, que sofrem essa penalidade sem ter como dela se livrar.

Pergunto: para onde vão as centenas de milhões que o Governo arrecada com esse dinheiro? Para a segurança? Seguramente, não. Pois a criminalidade está campeando à solta. Para a saúde? É inimaginável, pois esse setor está doente. Para a educação? Também não, pois nosso sistema público do setor está analfabeto de apoios ou incentivos. Para a malha viária? Inviável, já que não se tem notícia de recuperação ou ampliação desse segmento, salvo um ou outro caso. Para o ensino universitário? Qualquer recém-aprovado no vestibular sabe que não.

O que há é uma espécie d ferocidade do Estado sobre o contribuinte, que paga uma conta altíssima, por serviços públicos que de serviço ao público não têm nada. O dinheiro da CPMF se perde no vórtice da administração e o povo afunda no turbilhão do espando e do desamparo.
Emanoel Barreto

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Que nem lata de sardinha

Caros Amigos,
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, está propondo que as empresas de aviação ampliem o espaço entre as cadeiras das aeronaves, a fim de que os passageiros tenham mais conforto e segurança nos vôos.

As empresas alegam que o espaço, mínimo, é essencial para que se mantenha sua lucratividade e que, caso seja aumentado esse espaço, as passagens deverão subir, para compensar o menor número de passageiros por avião.

Trata-se da velha lógica da exploração da sociedade, no caso, em proveito de uns poucos que detêm o controle desse segmento empresarial. O Ministro tem razão e deveria insistir nesse intento, coibindo, da mesma forma, a intenções de aumento de tarifas.

Nesse País já se paga muito por atendimentos de má qualidade e serviços que deixam a desejar. O presidente da Anac, Milton Zuanazzi diz, segundo informa a Folha, que uma pesquisa indica satisfação dos usuários, dos quais apenas cinco por cento se mostram insatisfeitos com a distância entre os cadeiras.

Custa-me crer nessa pesquisa. Como poderia uma pessoa sentir-se bem, imprensada em acomodações que mal dão para alguem se mover? A aviação brasileira vai mal, sim. E se o governo não se mostrar intransigente com o que está errado no setor, tais falhas se manterão ao longo do tempo, com as conseqüências que todos já conhecemos.
Emanoel Barreto