quarta-feira, 24 de maio de 2017




A saída de Temer é tornar-se ex-BBB
A patifaria de políticos e grandes empresários, empreitada nefasta que afunda o país em situação gravíssima interna e externamente, ganhou conotações de espetáculo midiático, novela cujos capítulos ganham novos e eletrizantes episódios – o que, muitas vezes, acontece várias num mesmo dia.
É preciso estar atento à TV. Cada chamada é uma nova operação da PF, uma nova prisão de gente bem; é mais uma busca, uma freada brusca no carrão da madame. Cada crime é um flash.
Mas os crimes dos bacanas têm consequências na vida do brasileiro. Por causa dos corruptos o trabalhador tem contato intenso com as incertezas mais terríveis.
O brasileiro tornou-se um povo ofegante: sofre nas filas e no salário curto, atormenta-se com o filho nos braços à porta de hospitais, encolhe-se nos becos sob ameaçada de assaltantes.
Quando liga a TV o espetáculo perigoso das ruas migra para a cara terrível dos algozes nacionais: em piruetas de oratória fanha eles tentam defender-se de crimes claríssimos ou pregam em favor de leis malignas, louvando-as como se boas fossem.
E toda essa pantomima veio parar na televisão. Há muito tempo a TV tornou-se o púlpito, o palco onde criminosos de luxo posam de representantes dos justos e cumprem papeis previamente determinados: um adquiriu mandato e fará a encenação de deputado, outro será senador com pompa e abanadores; aquele é um grande empreendedor, respeitável e sujo. O outro, bem o outro, faz qualquer coisa para levar vantagem: pode ocupar um ministério ou cumprir missões lamentáveis nos escondidos do poder.
E agora, senhoras e senhores, estamos vivendo o máximo da espetacularização. Estamos vivendo a política do BBB. Essa a grande realidade.
Temer, pelos malfeitos cometidos, pelos gestos insensatos, pelos atos de loucura contra o trabalhador, foi flagrado e arrastado ao paredão do BBB da política brasileira. Agora, em desespero, está à espera de que alguém venha salvá-lo de última hora.
Parece que não haverá esse anjo salvador. Afinal, está cercado de demônios, são os diabos que ele mesmo conjurou para si e que agora intentam jogá-lo em direção ao Abismo.
Querem livrar-se daquele que se tornou maldito.
No BBB político os parceiros do chamado presidente sentiram que ele tinha pés de barro e então buscam outro construto, outro arranjo de poder, onde o novo participante do absurdo Big Brother tenha condições de assumir a máscara de presidente, entrar na encenação e levar adiante a intentona de pilhar o assalariado.
Os aliados estão alinhados e prestes a atirar para fora da casa mais vigiada do Brasil, o Palácio do Planalto, o chamado presidente Temer.
Depois vão comemorar: primeiro porque ele poderá cair por obra do Tribunal Superior Eleitoral – a chamada “saída honrosa”; depois, porque, aliviados, poderão dizer: “Estamos livres dele: Temer, agora, é apenas um ex-BBB.”