A saída de Temer é tornar-se ex-BBB
A patifaria
de políticos e grandes empresários, empreitada nefasta que afunda o país em
situação gravíssima interna e externamente, ganhou conotações de espetáculo midiático,
novela cujos capítulos ganham novos e eletrizantes episódios – o que, muitas
vezes, acontece várias num mesmo dia.
É preciso
estar atento à TV. Cada chamada é uma nova operação da PF, uma nova prisão de
gente bem; é mais uma busca, uma freada brusca no carrão da madame. Cada crime
é um flash.
Mas os
crimes dos bacanas têm consequências na vida do brasileiro. Por causa dos corruptos
o trabalhador tem contato intenso com as incertezas mais terríveis.
O
brasileiro tornou-se um povo ofegante: sofre nas filas e no salário curto,
atormenta-se com o filho nos braços à porta de hospitais, encolhe-se nos becos
sob ameaçada de assaltantes.
Quando
liga a TV o espetáculo perigoso das ruas migra para a cara terrível dos algozes
nacionais: em piruetas de oratória fanha eles tentam defender-se de crimes
claríssimos ou pregam em favor de leis malignas, louvando-as como se boas
fossem.
E toda
essa pantomima veio parar na televisão. Há muito tempo a TV tornou-se o púlpito,
o palco onde criminosos de luxo posam de representantes dos justos e cumprem
papeis previamente determinados: um adquiriu mandato e fará a encenação de
deputado, outro será senador com pompa e abanadores; aquele é um grande
empreendedor, respeitável e sujo. O outro, bem o outro, faz qualquer coisa para
levar vantagem: pode ocupar um ministério ou cumprir missões lamentáveis nos
escondidos do poder.
E agora, senhoras
e senhores, estamos vivendo o máximo da espetacularização. Estamos vivendo a
política do BBB. Essa a grande realidade.
Temer, pelos
malfeitos cometidos, pelos gestos insensatos, pelos atos de loucura contra o
trabalhador, foi flagrado e arrastado ao paredão do BBB da política brasileira.
Agora, em desespero, está à espera de que alguém venha salvá-lo de última hora.
Parece que
não haverá esse anjo salvador. Afinal, está cercado de demônios, são os diabos
que ele mesmo conjurou para si e que agora intentam jogá-lo em direção ao
Abismo.
Querem livrar-se
daquele que se tornou maldito.
No BBB político
os parceiros do chamado presidente sentiram que ele tinha pés de barro e então
buscam outro construto, outro arranjo de poder, onde o novo participante do absurdo
Big Brother tenha condições de assumir a máscara de presidente, entrar na
encenação e levar adiante a intentona de pilhar o assalariado.
Os aliados
estão alinhados e prestes a atirar para fora da casa mais vigiada do Brasil, o
Palácio do Planalto, o chamado presidente Temer.
Depois vão
comemorar: primeiro porque ele poderá cair por obra do Tribunal Superior
Eleitoral – a chamada “saída honrosa”; depois, porque, aliviados, poderão dizer:
“Estamos livres dele: Temer, agora, é apenas um ex-BBB.”