sexta-feira, 23 de março de 2007

Mais dinheiro para os políticos

Deputados e senadores voltam à carga, com a intentona de reajustar seus vencimentos. Em cascata, esse aumento terá reprecussões nas Assembléias Legislativas e Câmaras Municipais. O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, manifestou estupefação e disse que não teve qualquer ingerência com a proposta de assalto aos cofres públicos.

Esperemos que sim e que ele consiga fazer algo para que os políticos, seus colegas, não prossigam funcionando como saqueadores do dinheiro do povo brasileiro.

Caso venha a ser aprovado em plenário, o reajuste será uma espécie de esbórnia, uma festa em que predominam o hedonismo e o desregramento. Mais que isso, será um acinte, uma ofensa, uma forma de criminalidade política com requintes de perversidade, ante quem ganha salário mínimo, sofre nas filas do SUS e sabe que o dia seguinte será igual, em sofrimento e dor.

Vamos ver como as coisas andam. Vade retro.

quinta-feira, 22 de março de 2007

Se deixarmos a água morrer

No Dia Internacional da Água,
vamos fazer uma reflexão:
se deixarmos que a água acabe,
se permitirmos que os rios sequem,
as nascentes morram,
as fontes desapareçam,

Se deixarmos água escorrer
no esgoto,
se perder nas sarjetas,
transformar-se em limo,

Somente teremos, se tivermos,
lágrimas para irrigar sofrimentos,
sofrimentos que nós mesmos buscamos.

quarta-feira, 21 de março de 2007

Campanha política no You Tube: a nova arma da política

A campanha política presidencial nos Estados Unidos ainda está em fase de preparação. Democratas de republicanos disputam internamente, a fim de decidir quem serão seus representantes à sucessão do presidente Bush.

Enquanto isso, todos os recursos comunicacionais são mobilizados, para popularizar nomes e, paralelamente, desgastar adversários. É o caso da senadora Hilary Clinton, mulher do ex-presidente Bill Clinton, apresentada em um filmete no You Tube como se fora a figura do Grande Irmão, o Big Brother do livro "1984", de George Orwell, obra levada às telas do cinema pelo diretor Ridley Scott.

No You Tube, uma imagem da senadora é atacada por uma manifestante que, de martelo na mão, investe contra a tela onde seu retrato está pintado. Mas o adversário da Hilary, o candidato democrata Barack Obama, também já foi alvo desse tipo de recurso de mídia, com o objetivo de desgastá-lo.

Como a internet ainda é um território ainda não totalmente disciplinado legalmente, é bem provável que na próxima campanha para prefeito, no Brasil, venha a ser utilizado largamente e com grande repercussão. Ainda é uma mídia altrnativa, eleitoralmente, mas com largas possibilidades de obtenção de êxito.

Filmes no You Tube, orkuts e blogs poderão e serão usados para enaltecer e principalmente desgastar candidaturas. A Justiça Eleitoral não terá como controlar esse país virtual, essa terra enigmática e imponderável, libertária e anarquista que é a internet.

Basta postar alguma mensagem contra alguém, fazer repercussão nas mídias impressa e televisiva e a audiência na net estará garantida. Sem controle de horário e de conteúdo. Vamos aguardar.

terça-feira, 20 de março de 2007

Vamos salvar os animais e o bicho-homem

Leia o que a Revista Veja está publicando online a respeito de um adorável ursinho que foi adotado pelos funcionários de um zoológico, após ser abandonado pela mãe:
O filhote de urso polar Knut tornou-se mundialmente conhecido depois de ser abandonado pela mãe e "adotado" pelos funcionários do zoológico de Berlim - desde então, é tratado como se fosse um bebê, bem alimentado e mimado por todos.
Os ativistas de proteção dos animais, contudo, reclamam desse tratamento especial. Para eles, o procedimento é "desumano" e torna impossível a sobrevivência do urso. Um deles chegou a sugerir até que o animal seja sacrificado.

De acordo com reportagem divulgada nesta terça-feira pelo jornal alemão Bild, Knut é visitado por centenas de pessoas todos os dias, come frango desfiado com purê e dorme com um urso de pelúcia - segundo os funcionários do zoológico, ele costuma pegar no sono ouvindo canções de Elvis Presley.
O filhote já posou para uma das mais famosas fotógrafas do planeta, Annie Leibovitz, da revista Vanity Fair americana. Para os ativistas, porém, tudo isso prejudica o urso.
Respeito à natureza à parte, mas isso é coisa de ambientalista que prescisa arranjar o que fazer. Em nenhum momento o aninal está sendo submetido a qualqur tratamento "desumano". Ao contrário, é bem "humano" o apego por animaizinhos bonitos e que, no imaginário coletivo, despertam afeição e desejo de toque e carinho, como os ursinhos de pelúcia.
É também bastante "humana" a necessidade de aprisionar animais para expô-los em zoológicos, a fim de que atraiam a curiosidade do senso comum.
A rigor, os animais selvagns deveriam estar em seus habitats. Mas, ante a imperiosidde de manutenção dos zoológicos, que o cativeiro reflita o mais próximo possivel as condições naturais de onde o animal foi retirado.
Quanto à sugestão de matar o animal, essa sim revela uma visão limitada e tosca, radical e cruel, de quem se diz defensor dos bichos e de seu habitat.
A discussão, a grande discussão, deveria ser em torno de uma ação holística para a preservação da Terra e de todos os seus habitantes, o que o inclui o bicho- homem. Vamos salvar os animais sim, mas vamos nos salvar também.

segunda-feira, 19 de março de 2007

Second Life: a vida falsificada na internet

Há uma novidade na internet, que deverá, parece, ganhar adeptos e popularidade: a criação do que está sendo chamado de avatar. Uma espécie de alter ego virtual, que tem a possibilidade de interagir com outros avatares, que por sua vez representam outros internautas. É um simulacro da vida.

Chama-se Second Life e, na verdade, como mentira, servirá para compensar o vazio de uma sociedade globalizada, onde se busca a aparência em vez da essência.

Com o Second Life pode-se viver dentro do computador. Seu ícone se relacionando com outros e permitindo a experienciação de um mundo paralelo. A fuga da realidade deverá encantar a muitos.

Pessoas poderão abandonar a monotonia de suas vidas no cotidiano e viver relacionamentos falsificados, imergindo num mundo virtual.

A experiência é nova, ainda não há indicativos de que terá adesão em massa: mas é uma promessa escapista da opressão do dia-a-dia. E certamente não faltará quem deseje colocar a máscara da internet e viver momentos de satisfação.

domingo, 18 de março de 2007

Vidas que se apagam

Certa vez li, em jornal, crônica que se remetia à vida de um velho cronista que, por sua vez, em crônica, lamentara o esmaecimento da beleza das moças do seu tempo. E dizia como era triste,frio como uma tarde velha, ver aquelas mulheres, outrora moças tão lindas, mirradas, desbotadas, fenecendo.

Sofria especialmente por uma delas, a que fora sua grande paixão juvenil, sucumbir acossada pelo tempo, esgarçando a beleza antiga em rugas, desmanchando-se aos poucos em morte lenta, dissolvendo a vida pingo a pingo.

Não li o texto do velho cronista, homem que viveu nos tempos de Bilac, das valsinhas, sonetos fechados com chave-de-ouro, serenatas e suspiros de meiga ansiedade: romance. Li o texto que falava sobre o texto.

Não lamento as mulheres que envelhecem, a beleza que murcha, se encolhe e cai. Não lamento os homens que se encurvam, ficam tristes e perdidos em seus desertos vazios, ocultos em cada um.

Homens e mulheres são e estão presos à condição humana; presos à vida como a ávore presa ao chão. Mas, se presa ao chão a árvore ganha vida, o homem, preso à vida, caminha depressa para o seu fim.

As árvores de Natal

Meu amigo Walter Medeiros envia o seguinte texto:

Natal está perdendo suas árvores devido à estupidez dos seus administradores. Cerca de 100 árvores foram cortadas em cem dias, em apenas duas avenidas. Ante a necessidade de preservar o meio ambiente, recorremos à sensibilidade do poeta paraibano Augusto dos Anjos, em soneto que é um verdadeiro manifesto, após o que não deveríamos precisar dizer mais nada.

A árvore da serra

As árvores, meu filho, não têm alma!
E esta árvore me serve de empecilho...
É preciso cortá-la, pois, meu filho,
Para que eu tenha uma velhice calma!

— Meu pai, por que sua ira não se acalma?!
Não vê que em tudo existe o mesmo brilho?!
Deus pos almas nos cedros... no junquilho...
Esta árvore, meu pai, possui minh'alma! ...

— Disse — e ajoelhou-se, numa rogativa:
«Não mate a árvore, pai, para que eu viva!»
E quando a árvore, olhando a pátria serra,

Caiu aos golpes do machado bronco,
O moço triste se abraçou com o tronco
E nunca mais se levantou da terra!