sexta-feira, 18 de março de 2011

Tanscrevo da Carta Capital:

EUA e Brasil: A diferença de destinos

Muitos perguntam o porquê Brasil e Estados Unidos que possuem dimensões continentais relativamente idênticas e se tornaram independentes com uma diferença de apenas 46 anos (1822 – Brasil e 1776 – EUA) tem trajetórias políticas, econômicas e sociais diferentes.
Para começar a entender essa trajetória, é essencial resgatar na história algumas justificativas para tal fato. Primeiro; os EUA construíram o primeiro Estado nacional fora do continente europeu e, diga-se de passagem, derivam de um império vitorioso que foi a Grã-Bretanha. Já nós e nossos irmãos latino-americanos nascemos de impérios em decadência ou em alto processo de decomposição.

Segundo; ao conquistarem a independência, os EUA mantiveram suas relações econômicas e comerciais com a Grã-Bretanha, onde estava em franco processo a primeira Revolução Industrial e ao mesmo tempo assumia posição de liderança do movimento de internacionalização da economia capitalista.

Principalmente a partir dos séculos XIX e XX, os EUA consolidam uma estratégia anglo-americano, desde então, o território e o poder norte-americano se expandiram de forma quase contínua, com a anexação do Texas , em 1845, e com a guerra e a vitória sobre o México, em 1848, que representou um aumento de 60% do território norte-americano, com a conquista do Novo México e a Califórnia, que se somaram ao Oregon, para abrir as portas do Pacífico aos Estados Unidos.

Neste sentido, a diferença da independência dos Estados Unidos com a independência brasileira; do ponto de vista geoeconômico, a economia norte-americana sempre manteve uma relação privilegiada com a economia inglesa, ou seja, ao romper seus laços políticos com a Grã-Bretanha, os EUA se transformaram na primeira economia exportadora à economia mais dinâmica do mundo a época.

Após a independência brasileira e em grande parte do século XIX, o Brasil e os demais países latino-americanos não dispunham de Estados e economias nacionais efetivos, nem constituíram um sistema político e econômico regional. Por isso, com facilidade, foram colocados em uma posição periférica dentro da geopolítica mundial.

Com a proclamação da República e, pelo menos, até a crise de 1930, o Estado brasileiro seguiu fraco tendo baixa capacidade de mobilização política, sem ter nenhum tipo de pretensão expansiva. Entre a crise econômica mundial e a 2ª. Guerra Mundial, o Brasil reagiu ao estrangulamento econômico externo provocados pelas guerras e pela crise internacional, implementando políticas públicas que fortaleceram o Estado e a economia nacional.

Depois da 2ª. Guerra Mundial, o Brasil não teve posição relevante na geopolítica da Guerra Fria, mas foi colocado na condição de principal sócio econômico dos Estados Unidos dentro da periferia sul-americana. A partir de 1955 até ao primeiro governo democrático pós-ditadura, com investimentos estatais e do capital privado estrangeiro, provenientes de quase todos os países do núcleo central do sistema capitalista, o Brasil começou a exercitar uma política externa mais autônoma, mas sempre tendo um alinhamento incondicional com os EUA.

Nos anos 90, com a vitória norte-americana na Guerra Fria, juntamente com a intensificação da internacionalização das economias e uma grande onda de liquidez internacional, criou-se bases economias e políticas de uma virada no desenvolvimento da política externa brasileira, principalmente entre 1994 e 2002, quando Fernando Henrique Cardoso apostou numa associação íntima com os Estados Unidos, especialmente com Bill Clinton em uma fracassada construção da dita cuja terceira via.

Mas, depois de 2003, a política externa brasileira mudou de rumo, retomou o caminho da integração e do fortalecimento da América do Sul e da intensificação dos laços políticos e tecnológicos com a Ásia e a África e, ao mesmo tempo, constrói-se um debate cada vez mais intenso sobre uma nova posição internacional do continente.

Portanto, pela primeira vez na história brasileira, o Brasil possui certa altivez em relação aos EUA, mas mesmo assim, parte da elite econômica brasileira, algumas vezes legitimada pelo pensamento de alguns intelectuais e parte da classe média, ainda se deslumbram ao chegar próximo do poder político ou financeiro internacional, em particular os EUA.
Entretanto, espera-se e acredita-se que a Presidenta Dilma Rousseff continuará a trilhar a política externa brasileira iniciada pelo ex-Presidente Lula, com o Estado forte e soberania nacional.

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