sábado, 19 de março de 2011

A Folha informa que aviões da França começaram a atacar alvos terrestres de Muamar Kadafi. Ao que tudo indica haverá uma dura inversão no rumo dos acontecimentos. As forças do ditador não terão como enfrentar o poder de fogo francês. Abaixo, a matéria.

Avião francês lança ataque contra veículo militar de Gaddafi

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
Onda de RevoltasAtualizado às 14h51.
Um caça francês lançou neste sábado o primeiro ataque contra as forças do ditador líbio, Muammar Gaddafi. O alvo foi um veículo militar líbio, segundo o Ministério de Defesa francês.
O porta-voz do ministério, Thierry Burkhard, disse que o ataque foi lançado às 16h45 GMT (13h45 em Brasília), quando o jato atirou contra o veículo militar.
Este foi o primeiro ataque da campanha internacional militar de proteção de civis na Líbia desde que a resolução do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre a intervenção foi aprovada, na noite de quinta-feira.

Sebastien Dupont/AFP
Caça francês Rafale decola da base de Saint-Dizier, rumo à Líbia; governo confirmou primeiro ataque no país
Caça francês Rafale decola da base de Saint-Dizier, rumo à Líbia; governo confirmou primeiro ataque no país

Burkhard não deu mais detalhes sobre o local do ataque ou possíveis vítimas. Ele disse, contudo, que nenhum ataque contra os jatos franceses foi registrado.
O canal de TV árabe Al Jazeera, que cita fontes anônimas, diz que os aviões de guerra franceses já destruíram quatro tanques líbios, no sudoeste da cidade de Benghazi. O relato não foi confirmado. 

Mais cedo, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, alertou que aviões franceses já sobrevoavam o território líbio e estavam intervindo para evitar ataques das forças de Gaddafi em Benghazi, reduto dos rebeldes no leste do país.
Ele anunciou o ataque como cumprimento da resolução do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) que estabelece uma zona de exclusão aérea na Líbia, mas ressaltou que o ditador Muammar Gaddafi ainda tem tempo de desistir da ação militar contra os rebeldes da oposição. 

"Nossos aviões já estão prevenindo ataques na cidade de Benghazi", disse Sarkozy, acrescentando que estão "preparados" para intervir também contra tanques de guerra.
Mesmo antes do anúncio oficial, fontes militares diziam que vários caças franceses sobrevoavam o território líbio, no que seria uma missão de reconhecimento que duraria toda a tarde. 
 
Burkhard confirmou o envio de jatos Mirage e Rafale neste sábado para a cidade de Benghazi, com a missão de impor a zona de exclusão aérea de 150 km por 100 km. "Toda aeronave que entrar nesta zona pode ser derrubada", disse.
A intervenção, segundo Sarkozy, foi acordada após uma reunião com líderes de mais de 20 países. Sarkozy disse em breve pronunciamento que todos decidiram aplicar efetivamente a resolução, aprovada há dois dias. 

"Juntos decidimos garantir a aplicação da resolução do Conselho de Segurança exigindo o cessar-fogo imediato e o fim da violência", disse Sarkozy. "Concordamos em usar todos os meios necessários, em particular os meios militares, para garantir a decisão".
Ele ressaltou, contudo, que a medida permite a intervenção militar visa a proteger o direito dos civis de protestar pacificamente e não decidir o rumo do país africano. A intervenção "acontecerá enquanto houver qualquer pressão de Gaddafi contra Benghazi", disse Sarkozy.

LIBERDADE
Diante do fantasma da ocupação no Iraque, Sarkozy fez questão de ressaltar que a intenção da comunidade internacional é proteger os civis líbios e seu direito de protestar pela libertação "da escravidão à qual estão submetidos há muito tempo".
Ele garantiu que a comunidade internacional não vai interferir na escolha do futuro da Líbia, decisão que cabe unicamente ao seu povo.

Ian Langsdon/Efe
Presidente francês, Nicolas Sarkozy, assiste a reunião de crise sobre a Líbia; intervenção militar começou
Presidente francês, Nicolas Sarkozy, assiste a reunião de crise sobre a Líbia; intervenção militar começou

"A luta pela liberdade é deles. Nossa intervenção não é por qualquer resultado específico, mas apenas para evitar crimes" contra os civis, disse Sarkozy. "Estamos intervindo pelo povo, para que possam escolher seu próprio destino. Seus direitos não podem ser anulados pela repressão e violência". 

O presidente francês ressaltou ainda que ainda há tempo de evitar uma maior ação internacional no território. "Gaddafi ainda tem tempo de recuar e se submeter à resolução", disse o francês. "As portas da diplomacia estarão abertas quando a violência parar". 

ATAQUE
Mais cedo neste sábado, um avião militar foi derrubado nos arredores de Benghazi, deixando uma nuvem de fumaça negra. Um repórter da Associated Press viu o avião cair, em meio ao som de artilharia.
Os rebeldes alegaram que o avião era um caça militar de Gaddafi, que bombardeava a cidade.

Patrick Baz/AFP
Montagem mostra momento em que avião das forças de Gaddafi é derrubado nos arredores de Benghazi
Montagem mostra momento em que avião das forças de Gaddafi é derrubado nos arredores de Benghazi
Já o porta-voz do governo, Ibrahim Musa, negou a queda do avião. Ele também negou que as forças do governo atacaram cidades líbias e disse que são os rebeldes que violam o cessar-fogo. "Nossas forças armadas continuam a regredir e se esconder, mas os rebeldes continuam nos atacando e nos provocando", disse Musa.
Os jovens de Benghazi reagiam como podiam. Alguns recolhiam garrafas para fazer coquetéis Molotov. Outros moradores usavam estrado de camas e pedaços de metal para bloquear as estradas e impedir o avanço das tropas por terra.
A rede de TV Al Arabyia registra também bombardeios das forças de Gaddafi contra os rebeldes em Zintan e disse que ao menos cinco morteiros caíram em seus arredores. 

AGRESSÃO
Antes mesmo da declaração de Sarkozy, Gaddafi alertou, via um porta-voz, que qualquer intervenção internacional na Líbia será uma "clara agressão".
"Isto é injustiça, isto é uma clara agressão", disse Gaddafi, em uma carta enviada à ONU, à França e ao Reino Unido. 
 
"Vocês também vão se arrepender se tomarem um passo para interferir nos nossos assuntos internos", continuou Gaddafi.
Segundo o porta-voz, Gaddafi enviou ainda uma carta separada aos Estados Unidos, na qual disse que todos os líbios estão preparados para morrer pelo país. 

O ditador reverte assim as declarações de seu chanceler, Moussa Koussa, que foi a público menos de 24 horas atrás dizer que a Líbia aceitava a resolução da ONU e decretava assim cessar-fogo imediato e a interrupção de todas as operações militare

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