sábado, 19 de março de 2011

Mise-en-scène na chegada de Obama


Ricardo Moraes/Reuters
Go back, Mr. Bac

No momento desta redação deste texto Mr. Barack Obama é recebido pela presidente Dilma. A Band News faz uma cobertura ritual: jornalistas deslumbrados fazem comentários previsíveis, cantam loas à vinda do líder americano e elogiam o porte, o charme, o talhe, o indumento, a elegância da Senhora Obama. Um "analista de relações internacionais" faz a pontuação acadêmica da cobertura e elogia a "importância" do encontro, como se o Brasil, de repente, houvesse sido descoberto pelos EUA e isso nos fosse abrir as portas para uma idade de ouro, torneiras jorrando leite e mel.

Capa-editorial do Correio

Ninguém fala que o interesse maior, o interesse hegemônico, o interesse imposto é dos Estados Unidos face a mudança geopolítica no Magreb, onde a correlação de forças EUA países islâmicos tende, ao que tudo indica, a se alterar negativamente para o gigante do Norte. Assim, os olhos, olhos grandes do Tio Sam, voltam-se para o Brasil, prontos para sugar a colheita do pré-sal em favor dos interesses desse Norte.

A proclamada fala de Obama na Cinelândia foi cancelada. "Segurança", foi o motivo alegado. Dizem as coisas de jornal que li e ouvi que o local é cercado de muitos prédios, de cujas janelas poderia advir algum perigo à integridade presidencial, entenda-se um presuntivo atentado. Quando a isso, se foi assim, agiu-se certo.

Mas outras informações dizem que houve mesmo foi o temor de possível fiasco, leia-se falta de gente, de povo, para aplaudir o que quer que seja que ele fosse dizer. Isso enferrujaria o brilho da cerimônia, já que o evento não passaria de pseudoacontecimento, fato programado para atrair a atenção da mídia nacional e mundial, mostrando que os EUA continuam mandando na América Latina. E como o Brasil é emergente, isso seria o aval de mídia a legitimar tal afirmativa.

Agora, o evento ocorrerá em local fechado, o Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Também desnecessário, mas, fazer o quê? Será neste domingo o pronunciamento. De qualquer maneira, digo: "Go back, Mr. Bac.

Abaixo, um registro da Folha a respeito de ato de protesto no Rio à presença de Obama.

Protesto contra visita de Obama termina em confusão no Rio

DO RIO
Obama no Brasil Um protesto contra a visita ao Brasil do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, terminou em tumulto no início da noite desta sexta-feira, no centro do Rio.
Os manifestantes partiram da Candelária e se encaminharam para o Consulado Americano, onde policiais policiais do Batalhão de Choque da PM faziam a segurança do edifício. Uma garrafa de coquetel molotov foi arremessada contra o consulado, dando início à confusão.
A polícia respondeu com tiros de balas de borracha, spray de pimenta e bombas de efeito moral. O coquetel molotov chegou a incendiar uma parte da roupa de um segurança do Consulado, que ficou ferido sem gravidade. Um repórter da rádio CBN foi ferido por um tiro de borracha. 

O trânsito chegou a ser fechado em frente ao consulado, mas já foi liberado.

Rafael Andrade/Folhapress
Policial da tropa de choque apaga restos de um artefato após confronto com manifestantes no Rio
Policial da tropa de choque apaga restos de um artefato após confronto com manifestantes no Rio

Um comentário:

Biula disse...

Boa tarde, Emanoel!

Fiquei sabendo por uma colega tb professora, que a prefeitura do Rio distribuiu 10 convites para cada escola do município para o evento Obama, rs

Obama, go home!!!