quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Serra, um cigarro e uma dose de uísque
Emanoel Barreto

Na transcrição abaixo, da Folha, Serra diz que não é contra a produção de fumo e que "o fato de eu ter batalhado contra o hábito do cigarro não implica que eu seja contra a produção de tabaco". Tenho alguma dificuldade em entender tal comportamento. Mas talvez seja por causa de minhas limitações que, devo supor, sejam muitas e muito grandes. Como pode alguém lutar contra algo e não ser contra o alvo de sua dissidência? Se consegue entender, explique-me.

Outra coisa: isso também é válido para o aborto? Ele luta contra o aborto mas isso não significa dizer que é contra o aborto? É isso, é isso o que o candidato quer dizer? São essas fragilidades e inconsistências programáticas, essa falta de um discurso propositivo que me levam a crer que essa candidatura está fadada à derrota.

Serra se apega ao que apareça, a qualquer tábua de salvação que lhe ofereça qualquer esperança e pronto: passa a tomar aquele assunto como ponto de pauta essencial e faz disso um cavalo de batalha. A falta de discurso oposicionista o leva a tanto. A última pesquisa revela que continua em desvantagem em relação a Dilma, que tem 35% e Serra 47%. Talvez ele precise de um cigarro. E uma dose de uísque....

Leia o discurso do absurdo.
No RS, Serra afirma que não é contra a produção de fumo



JEAN-PHILIP STRUCK
ENVIADO ESPECIAL A PELOTAS (RS)


O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, afirmou hoje em Pelotas (258 km de Porto Alegre) que não é contra a produção de fumo no Brasil.


"O fato de eu ter batalhado contra o hábito do cigarro não implica que eu seja contra a produção de tabaco," disse o candidato.

O Estado do Rio Grande do Sul, onde o candidato cumpriu agenda de campanha hoje, é o maior produtor de tabaco do Brasil.
Serra também afirmou que a indústria merece apoio porque a maior parte da produção é exportada e gera empregos.

"O fato de que o cigarro faça mal não implica que vai acabar o consumo e que não se exporte. É uma atividade que gera empregos, que merece ser apoiada e vai ter meu apoio."

O candidato disse que nunca atacou os produtores de tabaco do país. "Nunca fiz qualquer referência negativa aos agricultores dessa atividade, que produzem um tabaco de excelente qualidade, que o mercado mundial deseja."

O tucano também disse que é o governo Lula, por meio da assinatura de acordos internacionais, que tomou medidas para erradicação da cultura do tabaco.

Serra não quis comentar a pesquisa Ibope divulgada hoje. O levantamento mostra que a intenção de voto para o tucano é 47% dos votos válidos. Dilma Rousseff (PT) tem 53%.

As declarações foram feitas em Pelotas, terceiro maior colégio eleitoral do Rio Grande do Sul, com 247.376 eleitores. A visita à cidade foi a última etapa da viagem do tucano ao Rio Grande do Sul hoje. Mais cedo, ele esteve em Porto Alegre e no município de Rio Grande.

Serra chegou a Pelotas com mais de duas horas de atraso. Parte da agenda acabou sendo cancelada. Quando o candidato chegou no centro da cidade, a maior parte das lojas do calçadão já estavam fechadas e as ruas vazias. Pouco mais de 200 pessoas receberam o candidato numa cafeteria.

Em Pelotas, Serra ficou à frente de Dilma no primeiro turno, com cerca de 42% dos votos, contra 41% da petista.



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