quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Rosalba pode curar escrófula?

A governadora eleita Rosalba Ciarlini anunciou que cortará 30 por cento dos cargos comissionados. Por sua vez, a equipe de transição informa que o Estado tem dívida de 800 milhões. A ideia de redução de cargos é boa, mas os seguidos anúncios de que o Rio Grande do Norte estaria em situação pré-falimentar, sugerindo esse mesmo discurso que "Rosalba é a solução"e que sua simples presença teria o condão de Midas de transformar ferro retorcido em ouro, pode criar um problema para a governadora.

Isso, pelo simples fato de que problemas conjunturais graves, como a eterna e extenuante crise no Walfredo Gurgel, onde as pessoas sofrem como se estivessem na antecâmara do inferno; e questões estruturais como o alavancar da economia, não se resolvem da noite para o dia. A criação de expectativa exagerada quanto ao desempenho de um agente político pode se transformar de otimismo midiático histérico em débâcle estrondosa caso as soluções não brotem do chão administrativo como esperam assessores e aduladores.

A visibilidade de governantes é um fenômeno frágil como o papel de arroz que serve de divisória às graciosas casas japonesas. É preciso saber preparar - e preparar para durar - a imagem de um governante. Assim, entre o discurso e a imagem pública que dele resulta; entre o discurso e seu confronto como real pode haver uma ponte firme como a estátua do Cristo Redentor ou um abismo que surge rugindo do Hades da política. Isso porque, incondizendo as promesas do líder como um real que não se muda da noite para o dia; discrepando suas promessas com o que efetivamente pode e pretende fazer, podem tornar-se baldadas até mesmo as mais boas intenções - manietadas que são ao peso da ciclópica  máquina ciclópica que tem a agilidade de um leão-marinho.

A publicidade, o marketing de Rosalba, deveria ficar atento ao excesso de otimismo que se quer instaurar frente a um quadro administrativo que se diz ser alarmante. Isso pode induzir a opinião pública a ser desperta e passar a cobrar um governo de resultados imediatos, um governo que obra milagres do mesmo modo como se dizia na Idade Média que a imposição da mãos do Rei curava escrófula.

Nenhum comentário: