quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

A floresta, a chuva, os bichos todos. Mistério

E então caiu uma grande e boa chuva. Uma chuva forte e protetora como uma grande mãe elefante que acarinhasse em seus costados de animal de tamanho himalaico um tesouro desajeitado e que lhe fosse  poderosamente dependente: sua cria de tromba ainda sem controle. 

Aquela chuva aninhou suas águas frias e lisas no copado das árvores e desceu até os instantes mais secretos da terra, daí escorrendo barulhando até um rio corpulento cujas águas atravessavam as léguas da floresta de um ponto a outro. Floresta habitada por animais diversos, récua que vivia sua inocência bruta de bichos sem história e tempo.

Floresta que escondia no seu ponto mais azul, verde e central seres elementais, assombrações, duendes que não assombravam a ninguém porque jamais havia neles sido depositado olhar de homem, mulher, dono ou Rei; floresta que deveria ter permanecido floresta abraçada pelo laço protetor da chuva antediluviana. 

Floresta, floresta, floresta. 
Chuva, chuva, chuva,chuva.

Silêncio.  A vida se faz escondida aos olhos de ninguém.

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