O discurso da servidão voluntária ou de como garantir a liberdade à custa da prisão
Emanoel Barreto
Dizem as coisas de jornal do Estadão: Autoridades do governo de Mianmar libertaram neste sábado a líder oposicionista Aung San Suu Kyi, após o fim do prazo de sete anos de sua prisão.
A libertação da prisão domiciliar de uma das mais importantes presas políticas do mundo ocorre uma semana depois de o governo realizar eleições, as primeiras em 20 anos no país, que foram vencidas pelo partido pró-militar e denunciadas pelos países do Ocidente como uma farsa.
........
Dobramo-nos à vontade das grandes corporações, que alegam a liberdade do empreendedorismo individual como garantia democrática de todos, quando no real apenas a uns poucos é dado tal direito; ajelhamo-nos perante regimes de força, que se asseguram portadores, por si, dessa mesma liberdade. Todos os sistemas foram e são, percebe?, guardiães da liberdade.
Frente a seus algozes a até então prisioneira cometera o crime de pensar. Seu pensamento divergente, a atitude discrepante, apenas predizia a necessidade de ser o povo livre para viver o seu cotidiano - isso o digo de maneira bastante singela.
O resultado? A prisão, a angústia de viver capturada às paredes de sua própria casa. Outro exemplo: Mandela e seus terríveis dias sob o peso do apartheid. Mais um: o Nobel chinês que amarga as grades sob a tutela de Pequim. Em Cuba, casos semelhantes. Americanos ceifando vidas no Iraque, nos porões de masmorras bem guardadas. A Igreja e a Santa Inquisição. Continuar seria infindável.
Vive o Homem sua louca aventura sobre a Terra e segue como um cego a ser guiado por um bandido. E a servidão voluntária continua sem que tenhamos uma luz no fim do túnel.
Nenhum comentário:
Postar um comentário