Emanoel Barreto
"O ex-presidente dos Estados Unidos George W. Bush (2001-2009) voltará nesta terça-feira ao cenário público com o lançamento de um aguardado --embora pouco surpreendente-- livro de memórias.
"As 481 páginas de "Decision Points" (pontos decisivos, em tradução livre) não surpreenderão aqueles que forem às livrarias para saber o que levou Bush a declarar a guerra ao Iraque, como o furacão Katrina o afetou ou por que ele autorizou o uso das simulações de afogamento, técnica de tortura, no interrogatório de terroristas."
O trecho acima foi tirado da Folha. E, realmente, não há mesmo como surpreender: primeiro porque o personagem ainda está à quente na história; segundo e por isso mesmo, os noticiários são de alguma forma um diário público do que fez e perpetrou o personagem.
Se Bush realmente escreveu o livro, isto é, se sabe escrever no sentido de ação criativa, capacidade de expressar-se pela escritura, a única novidade será essa: a expressão íntima de alguém relatando-se.
A imagem que tenho de Bush, todavia, não me inclina a supor que encontremos nesse livro, se e quando vier a ser publicado no Brasil, visões aprofundadas, dilemas de um estadista. Eu o vejo como um homem tacanho, mesquinho, que dirigiu a monumental máquina hegemônica estadunidense às suas finalidades mais imperiais e desumanizadoras.
Os Estados Unidos são um país que ainda se guiariam de alguma forma pela doutrina do Destino Manifesto, surgida em 1840. Uma espécie de missão histórica; mais que isso, determinação divina para o domínio das Américas e do mundo por decorrência natural.
O livro é de qualquer forma documento a ser lido e pensado. Especialmente para que tudo o que ali está não venha a se repetir.
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