Emanoel Barreto
O pensador Antonio Gramsci, levado a cárcere por Mussolini, dizia que jornais podem e efetivamente funcionam, doutrinariamente, como partidos políticos. É pelo discurso gráfico-visual que o conteúdo escrito ganha força, expressividade e impressionismo.
Se isso já era verdade em seu tempo, quando as publicações ainda não tinham os recursos literalmente fantásticos dos dias de hoje, capazes de induzir leituras e configurar regimes simbólicos com grande mestria, imagine-se na atualidade quando os impressos são configurados a partir de conhecimentos de psicologia de massa, glamourizados e tecnicamente bem-feitos.
A ação de partido político dos jornalões e das revistas semanais pôde ser bem percebida. Usou-se de todos os truques da pequena política: desde lembrar-se o passado de Dilma como guerrilheira até a afirmativa de que não tinha competência e experiência administrativa.
Agora, frente a frente com as urnas, há um clamor: a presidente supostamente eleita poderá contar com ampla maioria no Congresso e isso é "antidemocrático". Como não ser democrático se a virtual maioria será eleita pelo voto? Se fosse o contrário, seria "democrático"?
O bizarro Índio da Costa, vice de Serra tem dito isso e afirma que estamos nos encaminhando a uma "ditadura". A valer isso, teria sido uma ditadura os governos FHC, quando o patrimônio nacional foi entregue ao privado a custo de banana.
Não, não. Não estamos a caminho de ditadura. É apenas o processo histórico. Quem não gostar pode comprar uma passagem e ir embora. Afinal, para quem gosta tanto de ditadura ainda pode valer o famoso chavão do regime de 64: "Brasil, ame-o ou deixe-o".
Foto: Ernesto Rodrigues, Agência Estado
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