A notícia que você lerá após este comentário foi publicada pelo jornal Meia-Hora, Rio de Janeiro
E o pai, faca na mão, arrancou a cabeça do filhinho
Emanoel Barreto
Em minhas aulas de redação jornalística costumo lembrar aos alunos que palavras, certas palavras, trazem em si todo um conteúdo implícito, contêm já todo um discurso. São pistas de compreensão que nos levam a supor quem seja ou como vive quem a elas estejam ligadas. Explico: a palavra "biscateiro" traz o indício de que se trata alguém que vive de subemprego; consequentemente, não vive, sobrevive. Sem dúvida mora em bairro de periferia, mora num barraco ou quase isso, pode ter problemas de alcoolismo e mantém sua família sob condições extremas e desumanas. Isso só para ficar aqui, percebe?
Pois bem: foi um biscateiro, que num acesso de loucura arrancou a cabeça do filhinho dizendo agir em nome de Deus. É a desgraça do povo, seu clamor bruto urrando sem piedade em meio à desolação existencial passada em meio a um quadro de profunda injustiça social.
O homem rebaixado à condição de monstro louco e brutal atirando-se sobre improvável vítima para perpetrar ato bárbaro. A lancinante tragédia da vida pulsando nas mãos de um pai ao avesso. Clamores e desgraças desta vida iluminada pelo sol inclemente.
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Homem quase é linchado depois da atrocidade
Sob esquema de proteção, o biscateiro Edson Ferreira de Paula, de 30 anos, que matou o filho de apenas seis meses na noite de sexta-feira, em Volta Redonda, no Sul Fluminense, deverá ser transferido hoje para um hospital psiquiátrico, onde fará exames de sanidade mental.
Durante um ataque de fúria dentro de sua casa, ele arrancou a cabeça da criança, que estava num carrinho de bebê, com uma faca de cozinha. A mulher dele conseguiu fugir com os outros dois filhos do casal - uma menina de 10 anos e um menino de 9. Revoltados, moradores do bairro Jardim Belmonte, onde o crime aconteceu, tentaram linchar o assassino, salvo por policiais do 28º BPM (Volta Redonda).
"Chegamos a tempo de impedir que ele fosse morto por um grupo armado com paus e pedras e aos gritos de ‘monstro assassino'", afirmou o sargento Luiz César Lopes Pereira, do 28º BPM.
Indignadas, dezenas de pessoas acompanharam ontem à tarde o enterro do garoto no Cemitério Municipal Bom Jardim. "O policiamento teve que ser reforçado em torno da delegacia e durante a transferência de Edson para a Casa de Custódia, porque a revolta dos moradores é grande", contou o delegado da 93ª DP (Volta Redonda), Alexandre Leite.
Em depoimento confuso e apresentando alteração de humor, primeiro Edson disse que matou o bebê "em nome de Deus". Depois, argumentou que estava desconfiado de que a criança não fosse seu filho legítimo. A polícia, porém, investiga informações de que Edson, que é licenciado pelo INSS por problemas de saúde, teria consumido droga e se irritado com o choro do bebê.
Imagem: http://www.google.com/imgres?imgurl=http://mythosyleyendas.files.wordpress.com/2010/01/crono.jpg&imgrefurl=http://pt.translaten.com/mythosyleyendas.wordpress.com/2010/01/09/crono-preso-del-miedo-devora-a-sus-hijos/index.html&usg=__
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