Serra faz a dança do pinico. Um homem público em busca de uma privada
Emanoel Barreto
O filósofo cínico Diógenes costumava caminhar ao meio-dia levando uma tocha acesa. Quando indagado a respeito do comportamento que mais se assmelhava à loucura respondia: "Estou procurando um homem de bem". A essência da filosofia cínica, que muitas vezes se manifetasva numa práxis de enfrentamento com o estatuído, era essa: austeridade e uma visão trágica da existência humana, o que de alguma forma inclui o ridículo, usado para criticar a hipocrisia, como fazia Diógenes.
Com o passar dos tempos o termo cínico passou a designar, por uma espécie de semântica equivocada, o índivíduo aproveitador, aquele que ri da honradez em proveito próprio, aquele que inverte a realidade para dela tirar proveito mesmo à custa da sua própria desgraça.
É o que vemos nessa foto de Serra encimando a primeira página da Folha. Ao lado de Alckmin faz a lamentável "dança do Pânico", expondo-se ambos a deplorável momento de suas vidas. Esse tipo de manifestação de dança urbana, bem típica de um certo senso comum, certamente não faz parte da vida dos dois.
Todavia, aceitam essa humilhação sorridentes, catando aqui e acolá supostos votos por tentarem se dizer "iguais ao povo" quando este se manifesta em atos de grosseria, vulgaridade e baixeza.
Basta trocar uma letra e temos a dança do pinico.
E em busca de um pinico Serra mostra a quanto um homem público pode se abaixar. É o ridículo grotesco em sua máxima manifestação. Um homem público em busca de uma privada.
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