quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Egito: a força contra o povo

Leio na Folha: O Exército egípcio poderá ser obrigado a intervir para proteger o país caso os protestos contra o regime provoquem um "estado de caos", advertiu nesta quarta-feira o ministro das Relações Exteriores, Ahmed Abdul Gheit, citado pela agência estatal Mena.
"Nós temos que preservar a Constituição, mesmo que esta seja alterada", disse Abul Gheit à emissora de TV Al Arabiya, de acordo com a agência Mena. 

"Ele afirmou que caso o caos ocorra, as forças armadas intervirão para controlar o país, um passo, segundo ele, que poderá levar a uma situação muito perigosa", informou a agência, citando o entrevistado. 
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Mohammed Abou Zaid/AP - Cartaz fala da fortuna de Mubarak
Que tal se fosse invertida a compreensão do problema e se passasse a dizer assim: o povo egípcio foi obrigado a intervir contra uma ditadura de 30 anos, que permitiu a seu usufrutuário o acúmulo de fortuna estimada em 70 bilhões de dólares?


A culpa, é bem mais fácil assim, é colocada no povo, nos milhões de famintos, nos que não têm direito a comer um pão. A persistência do ditador Mubarak é o empecilho a uma suposta e desejável democratização do país. Ele é o problema, não aqueles que protestam.

A "intervenção" do exército será um exercício de temeridade. Mesmo sob a consigna de defesa da Constituição, o uso de força armada contra multidão resulta em banho-de-sangue. Nada parece sugerir que o grito das ruas venha a se calar. A não ser que venha a ser calado.

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