sábado, 25 de setembro de 2010

O Estadão, a pele de cordeiro e a filha de Serra
Emanoel Barreto

Deu na edição de hoje do Estadão: Em uma semana, a preferência dos eleitores pela petista Dilma Rousseff caiu de 58% para 55% dos votos válidos, enquanto os que optam pelo tucano José Serra aumentaram de 28% para 31%. Marina Silva (PV) tem 13% dos votos válidos. A candidata governista venceria no primeiro turno se a eleição fosse realizada hoje, segundo pesquisa Ibope/Estado/TV Globo.

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A contagem dos votos válidos exclui nulos e em branco, além de indecisos. São esses os números que o Tribunal Superior Eleitoral divulgará na apuração oficial. Em relação ao total dos votos, Dilma oscilou de 51% para 50%, enquanto seu principal adversário subiu de 25% para 28%. O crescimento do tucano se deu sobre os eleitores indecisos - os que não sabem em quem votar caíram de 8% para 5%. 

Marina oscilou um ponto para cima, de 11% para 12%.
Há uma semana, a candidata do PT tinha 14 pontos porcentuais de vantagem sobre a soma dos adversários, no cálculo dos votos totais. Agora, essa diferença diminuiu para 9 pontos. Se a soma dos adversários ultrapassar o índice de Dilma, haverá segundo turno.
Na hipótese de uma segunda rodada eleitoral entre a petista e o tucano, ela é favorita: venceria por 54% a 32%.
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Não  é preciso ser expert em estudos estatísticos para perceber que o jornal dos Mesquita elabora uma tentativa de raciocínio que aparentemente é veraz e sólida em sua essência propositiva, quando na realidade é aquilo que se chama de falácia. Em outras palavras: é verdade que é mentira.

O pretenso  poder assertivo da falácia, todavia, se esboroa quando é visto a lupa: a candidata mantém a dianteira de forma absoluta, numericamente; a "soma" de votos dos outros candidatos é que estabeleceria a contestação a esse universo apurado; digo, a real e efetiva vantagem de Dilma e mantém. O resto é apenas isso, o resto.

É uma tentativa de afirmar que o trabalho da grande imprensa, Estadão integrando o topo da lista, teria surtido efeito. Contudo, contra fatos não há argumentos. Não vou entrar em análise do que seja um fato objetivamente nem se o fato é quem guia nossos sentidos em vez de ser por nós valorado enquanto tal. Apenas afirmo: o quadro instalado não indica qualquer variação suficientemente poderosa para aniquiliar a candidatura Dilma. Esse é o fato.

O próprio Estadão, apesar do esforço em contrário, quando alude à tal "soma" das intenções de votos dos adversários de Dilma, o admite: ela ganharia hoje e pronto. A elogiar, apenas a admissão de que o jornal está empenhado, como se fora sim partido político, na eleição de Serra. 

O anúncio está no editorial "Mal a evitar" ( http://www.estadao.com.br/noticias/geral,editorial-o-mal-a-evitar,615255,0.htm ), à maneira dos grandes jornais norteamericanos. A rigor isso não precisaria ser dito: qualquer análise de discurso o confirmaria. Mas, pelo menos, o jornal tirou a pele de cordeiro.

Antes que eu me esqueça: onde está a filha de Serra?
(Imagem http://picblow.com/pt/img/3295)

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