quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Colômbia vive um vendaval de histeria ideológica
Emanoel Barreto


A Colômbia, onde estou para participar de congresso de estudiosos da comunicação, é varrida por um vendaval de esquizofrenia ideológica. As TVs comemoram a morte do guerrilheiro Mono Jojoy como se fora ganha uma espécie de Copa do Mundo ou algo assim. Nas ruas não há mobilizações festivas. Mas, todos com quem falei em táxis, restaurantes, calles, afirmam que foi uma grande vitória.

Militares deram hoje à TV Caracol a mais surrealista entrevista que já vi: o repórter fez uma pergunta generalista e os oficiais generais das três Forças, mais a polícia, ficaram trocando o microfone e mão em mão até acharem que tinham falado o suficiente.

Jornais deram edições extra. Pessoas foram entrevistadas nas ruas e a TV Caracol, a que mais vi, deu a "repercussão mundial" do acontecimento: entrevistas rápidas com presidentes de Honduras e Costa Rica, além de imagens de TVs da América do Sul.

A Colômbia tem inegavelmente uma dramática e histórica situação de sofrimento e pobreza do seu povo, daí o surgimento das Farc e sua posterior ligação com os narcotraficantes, imergindo o país numa tempestade de violência e brutalidade, atingindo especialmente os mais pobres.

A eliminação de Jojoy é o discurso que as elites precisam para aferrar-se ao poder, aparecendo como defensoras do povo. A guerrilha, pela forma como conduziu suas atitudes, terminou por esvaziar o discurso de salvação, passando a ser tida como um flagelo, mais um, na vida do povo daqui.

No fim, é lamentar o império da brutalidade vivido pelo país.

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Término dos trabalhos acadêmicos e um passeio na Quinta de Bolívar
Apresentei hoje meu trabalho no Congresso da Associação Latinoamericana de Pesquisadores em Comunicação, na Universidade Javeriana. Volto ao Brasil nesta sexta. Se der, escrevo algo no Coisas de Jornal antes de voltar.

Na foto, um registro da Quinta de Bolívar, um dos lugares onde viveu O Libertador.
Local belíssimo e de intenso sentimento, cheio de uma aura de dignidade e sentido histórico da vida humana.

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