Murdoch agora quer derrubar o New York Times
A Folha registra que o magnata da mídia Rupert Murdoch quer tomar o lugar do centenário New York Times. Murdoch não gosta do jornalismo, gosta de dinheiro. Abaixo, a matéria.
Neste final de semana farei uma apreciação sobre a Colômbia, de onde acabei de chegar. No momento em que redijo estou no Aeroporto de Guarulhos, São Paulo (EB).
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LUCIANA COELHO
EM CAMBRIDGE (EUA)
O "Wall Street Journal" engrossa sua artilharia hoje com uma edição de fim de semana maior e repaginada, munindo-se de resenhas de livros, ensaios e uma recapitulação analítica dos fatos da semana para atacar o "New York Times" em seu território mais caro.
Desde que comprou o "Journal" em 2007, em uma tentativa de somar prestígio a um portfólio repleto de sucessos, Rupert Murdoch tem investido pesado para transformar o sisudo diário financeiro no jornal mais lido dos Estados Unidos.
Conseguiu. Hoje imprime 2 milhões de exemplares diários (200 mil a mais que o concorrente, o "USA Today", e o dobro do "Times", segundo o Birô de Circulação Americano).
Surdo as previsões catastrofistas sobre o jornalismo impresso, o milionário australiano de 82 anos aposta alto, dificilmente perde e adora uma briga. O novo "WSJ Weekend" é só o golpe mais recente no "Times" após a ofensiva aberta com a criação de um caderno de notícias locais, em abril.
"Há 25 anos, o consenso era que não dava para ter quatro redes de TV aberta nos EUA. Murdoch começou a Fox e fez sucesso", disse à Folha Richard Wald, professor de jornalismo na Universidade Columbia, ex-presidente da rede de TV NBC News e ex-editor-administrativo do "Washington Post".
"Muitos analistas dizem que jornal é um mau investimento. Mas você não aposta contra um sujeito que venceu quase todas as suas apostas."
O caderno metropolitano ainda não pode ser lido como um sucesso comercial, mas foi bem recebido por quem acompanha o setor -apesar da ironia do rival.
"Eles conseguiram atrair alguns anunciantes que tradicionalmente compravam espaço no "New York Times", como lojistas locais", afirma Nat Ives, colunista da revista especializada em publicidade Advertising Age. "Ainda é cedo, no entanto, para saber se afetou a circulação."
À época do lançamento, o "Times" parabenizou o concorrente por passar a "cobrir Nova York de Wall Street para cima" e prometeu passar umas "dicas", já que estava há 160 anos no ramo.
O "Journal" deu de ombros. "Somos mais que duas vezes maiores do que o "Times'", afirmou nesta semana à Associated Press o editor-chefe Robert Thomson. "Eles não são um concorrente sério."
Arthur Sulzberger, o editor-chefe e publisher do "Times", também diz não levar o rival a sério. Em entrevista à revista "Vanity Fair" recém-publicada, ele debocha da falta de prêmios das publicações do australiano e de seus modos.
"Murdoch é um homem que sozinho construiu uma corporação, mas que normalmente não é visto como uma pessoa que melhorou o jornalismo", comenta Walt.
PRESTÍGIO
Porque é prestígio que Murdoch busca, Walt e Ives estão comemorando a disputa como fôlego novo para os jornais impressos após sombrios anos de cortes (inclusive no "Times").
"Times" e "Journal" chegam hoje com públicos distintos para o duelo, com o "Journal" claramente conservador e o "Times" de inclinação progressista.
A edição de hoje, no entanto, pode tornar essa divisão mais borrada. O "Times" tem um terço de seu público com menos de 30 anos, e só 33% de seus leitores passaram dos 50 (ante 45% do "Journal", segundo pesquisa recente do Instituto Pew).
É esse público, que transita o tempo todo entre o impresso e o on-line, que o "Journal" cobiça com seus novos cadernos.
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