quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

O Bem Amado: remake insosso e fora de época

Um remake desesperado, uma busca inencontrável. Nem todo o talento de Marco Nannini conseguiu chegar aos pés da interpretação de Paulo Gracindo na série original de O Bem Amado. Um lamentável equívoco da Globo em termos de inserção em sua grade. 

O texto de Guel Arraes sequer consegue acompanhar os rastros da redação inigualável de Dias Gomes, os neologismos escrachados, a revelação, pelo discurso do dia a dia, de como pensa e age um corrupto, o prefeito Odorico Paraguassu em sua ânsia de construir um cemitério. 

Odorico é a metáfora perfeita da cena política brasileira, uma síntese do nosso pensamento político, suas indignidades e podruras. Mas foi criado no tempo certo e apresentado no contexto exato. Agora não. Mesmo persistindo a essência da canalhice política, o momento histórico é outro e o personagem é inegavelmente datado. 

A divisão do filme em quatro episódios, com 26 minutos a mais do que a trama exibida nos cinemas, não salva a caricatura de ser apenas isso, caricatura. A série O Bem Amado é parte do patrimônio da cultura de massa, é algo cult, obra-prima, um achado. Copiá-lo é incorrer em erro grosseiro. E foi isso o que aconteceu.

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