Tá tudo tão bom, mas tá tudo tão ruim não é mesmo?
Emanoel Barreto
Há algo de estranho nessa promoção do Jornal Nacional. Por que isso agora? Por que em período eleitoral? Se você observar os números, bastante negativos especialmente em índice de desenvolvimento humano, se ombreiam aos aspectos positivos de cada lugar visitado.
Foi assim no Rio Grande do Norte, foi assim no norte de Minas. E isso se dá de forma bruta, estabelecendo uma relação de choque entre, por exemplo a produção de camarão no Rio Grande do Norte, o índice de mortalidade infantil e o analfabetismo. Isso só para ficar nesses exemplos.
Não sei se você reparou, mas Bonner, para escolher um município mineiro a ser visitado, tinha poucos cartões à sua disposição na urna. Minas tem tão poucos municípios? Ou os que foram selecionados para ser sorteados não seriam todos do norte do Estado, que tem características climáticas nordestinas semelhanças em termos de pobreza?
Explicando: a realização desse voo por todo o Brasil, por partes do Brasil adredemente escolhidas, tem por objetivo mostrar um Brasil que não deu certo, um Brasil de desequilíbrios, um Brasil onde o governo federal... falhou.
Trata-se, não tenho dúvida, de uma ação de agendamento perfeitamente entrosada com a campanha da grande imprensa para desacreditar a candidatura Dilma. E isso em nome do bom jornalismo. Tecnicamente perfeito, o enquadramento passa exatamente essa ideia.
Temos aqui o que os estudos de cobertura política chamam de enquadramento plural aberto. Isso quer dizer o seguinte: o veículo de comunicação dá aos atores políticos o mesmo destaque, sem favorecer a nenhum deles.
Só que isso se deu em forma de engenharia comunicacional reversa: os atores políticos passaram a ser os Estados e todas as suas mazelas, percebe? As mazelas foram privilegiadas como se fossem elas, as mazelas, os atores políticos. E o resultado subliminar atinge o governo federal sem que se diga sobre este qualquer palavra.
Perfeito. Tecnicamente perfeito...
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