domingo, 27 de novembro de 2011

A destruição do Machadão

http://pt.fifa.com/worldcup/news/newsid=1529425/index.html

  "Encha o bucho de gol. Você merece"


Atacado pelos dinossauros de metal o Machadão viu-se em escombros. Pudera. O estádio vivia sua condição de poema de concreto. E, como se sabe, poemas pouco podem contra a brutalidade, a insânia, o ato violento. Sua destruição foi o passo inaugural da intentona da Copa do Mundo. 

Para a consecução do desastre, rios de dinheiro serão atirados no estuário que desemboca no fosso escancarado das despesas com a Arena das Dunas. Arena. Sinistro nome. Arena lembra sofrimento, dor, enfrentamentos brutais. Desde os gladiadores, que em Roma faziam o espetáculo. 

A construção da Arena agora terá início. Farônica. Talvez até se possam invocar as almas avoengas dos desgraçados que ergueram as pirâmides. Para que revivam aqui sem pleno sofrimento. Nosso sol nordestino tem o mesmo calor vulcânico do sol que queimou as costas dos que levantaram as pirâmides, pedra sobre pedra. 
 
O dinheiro que será gasto fará falta à saúde, à educação, à segurança, às estradas, à cultura. Onde houver um problema social aí haverá a ausência dessa fortuna.
Mas infortúnios não faltarão, disso estou certo. E iniciada a Copa, quando derem o primeiro grito de gol, haverá o último suspiro de alguém a quem faltou o remédio, quem sabe até mesmo a esperança de seriedade nos que fazem - e desfazem - a história e o futuro.

Ai, dirá o povo. Calaboca, dirão os poderosos. Encha o bucho de gol, você merece.


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