terça-feira, 30 de novembro de 2010

Vestir a carapuça ou o temor das elites no Rio
Emanoel Barreto
Policial do Bope (Apu Gomes)

A ação conjunta das Forças Armadas e polícia demonstrou que, querendo, o Estado faz. Agora, é manter o sistema de poder instalado na favela e ocupar outros espaços onde os bandidos ainda estejam agindo.

Mais que isso, entretanto, é preciso presença social séria e com sentido histórico: os moradores do Alemão e outros locais do mesmo tipo têm direito a esse resgate de sua cidadania.

Tínhamos ali uma espécie Haiti social, abalado pela pobreza, miséria e sismos de violência patrocinados pelos criminosos. Com o tsunami do Estado sobre os bandidos, resta cumprir com função social: voltar-se para o bem-comum.

A situação vivida pelo Rio é fruto de longo, penoso processo histórico de exclusão e sofrimento imposto àqueles brasileiros, geração a geração. É culpa de status quo de essência ominosa, voltada para manter o lucro e as benesses de uma elite cevada na exploração e desumanidade.
Policiais em patrulha (Rafael Andrade)
Quando a ação policial-militar estava em vias de ser destada vi nas coisas de jornal da grande imprensa notícia informando que a direção da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro recomendava com veemência que seus cabeças não saíssem de casa a não ser por motivo imperioso e mais: que, nesse caso, se utilizassem de seus carros blindados.

É a prova do equívoco histórico: depois de estiolar ao longo do tempo histórico as vidas de milhares, quem sabe milhões de pessoas, a elite carioca se retraía, com medo das consequências do seu vandalismo sócio-econômico. Agora, ao que parece, os bandidos se foram. Resta às elites vestir a carapupuça.

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