sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Tiririca chamado a provar que sabe ler e escrever
Emanoel Barreto

Leio na Folha: A Justiça Eleitoral convocará o humorista Francisco Everardo Oliveira Silva (PR-SP), o palhaço Tiririca, para a realização de um ditado e a leitura de um texto simples para verificação da condição dele de alfabetizado.


Segundo o juiz da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, Aloísio Sérgio Rezende Silveira, a medida servirá para que "o juízo possa analisar melhor a defesa apresentada pelo humorista na ação penal".

O juiz afirmou que Tiririca poderá se recusar a comparecer à audiência para realização dos testes ou negar-se a participar deles, pois "a lei penal estabelece que ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo".

A estranha legislação eleitoral permite que analfabetos possam votar, mas os impede de ser ser votados. Somos hoje 16 milhões de analfabetos que podem votar em candidatos da elite, mas não podem ser votados, eleitos e emparelhar-se às elites em plenários que vão desde câmaras municipais ao senado.

Um analfabeto pode ter sim diminuída sua compreensão de determinados problemas, em face de não ter tomado conhecimento das diversas realidades do mundo social via livros. Mas não se lhes pode negar acesso aos plenários e às decisões. São eles parte legítima para as discussões, porque povo são em essência.
 

Ou alguém pensa que, por exemplo, Collor de Mello seja povo na acepção aqui proposta? Tiririca obteve mais, bem mais de um milhão de votos. Portanto, está legitimado por expressivo contingente desse ser colativo a quem chamamos povo. Foi eleito. Deve tomar posse e exercer o seu mandato.

Como o fará, aí é outra coisa. Mas, permita-me: por que não se pede idoneidade moral aos muitos vilões e vilãs que ocupam respeitáveis cadeiras nos ricos plenários? Por que, heim?

Nenhum comentário: