O que é não precisa ser dito que é
Emanoel Barreto
Leio no Estadão: Depois do filme “Lula, o filho do Brasil”, o presidenciável do PSDB, José Serra, ganha sua cinebiografia. No documentário “Retratos do Serra”, o tucano é apresentado como “Zezinho”, um cidadão humilde, nascido na Mooca, onde “os vizinhos eram pintores de parede, cobradores de bonde, garçons, operários, quitandeiros, sapateiros e barbeiros”.
Dirigido por Guilherme Coelho, filho de Ronaldo Cézar Coelho, amigo de Serra, o filme foi trabalhado inicialmente para ser um longa, mas acabou dividido em 12 episódios que estão disponíveis agora na internet no site Retratos do Serra.
O filme se propõe a apresentar a vida de Serra. Durante as gravações, a equipe teve acesso a reuniões no Palácio dos Bandeirantes, quando Serra ainda era governador, e em agendas privadas do tucano.
Ao falar sobre o projeto no site, o diretor disse que, como personagem, Serra é “um prato cheio”. “E tem esse lance de ele ser arisco, avesso à exposição desnecessária, ser notívago, escrever invejavelmente e achar que entende de cinema”, afirmou Coelho
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O QUE É NÃO PRECISA SER DITO QUE É: o aforismo é bastante claro em sua assertiva. Ou seja: o que é se apresenta por si só em sua condição fenomêmica. É e pronto. O inverso também é verdade - o que não é não precisa ser dito que não é, dada a visibilidade do que não é.
O problema é quando um ator político busca se apresentar como sendo o que não é ou foi. Ao que ficou lido acima, sobre os filmetes sobre Serra, o que se percebe é um trabalho de simulação e dissimulação.
Simulação ao se apresentar como o Zezinho da Mooca, numa rala tentativa de comparar seu passado ao passado de Lula. Dissimulação ao tentar com isso nublar sua condição de homem das elites, ligado a partido idem.
Se alguém pode escapar ao seu futuro, como Lula pôde escapar ao seu, livrando-se de uma previsível situação de excluído para se tornar um líder, ninguém poderá fazê-lo com relação a seu passado. No caso de Serra - passado recente, passado político e todos os seus periféricos ideológicos.
O passado de dificuldades, mesmo grandes, não o equiparam a Lula. Até porque histórias de vida são difíceis se não impossíveis de se mensurar uma em relação à outra.
O lamentável é que esses filmetes de Serra no Youtube sejam veiculados como uma solução de última hora, a tentativa de o fazer com raízes populares, cheiro de povo, brado na garganta, punho em riste. Não dá. E os marqueteiros de Serra sabem que não dá.
2 comentários:
Professor Emanoel,
Espero que o senhor assista aos outros episódios, além dos dois primeiros que tratam de origem - assunto do seu post.
O senhor verá que outros temas são tratados como, por exemplo, protagonismo. Esta característica o Serra divide com o Lula - indubitavelmente.
Atenciosamente,
Guilherme Coelho
Professor Emanoel,
Espero que o senhor assista aos outros episódios, além dos dois primeiros que tratam de origem - assunto do seu post.
O senhor verá que outros temas são tratados como, por exemplo, protagonismo. Esta característica o Serra divide com o Lula - indubitavelmente.
Lembrando que esta eleição é entre Serra e Dilma. Vamos comparar estes dois?
Atenciosamente,
Guilherme Coelho
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