Getúlio, Getúlio, Getúlio...
Emanoel Barreto
Estou relendo Getúlio, do jornalista Juremir Machado. Num extraordinário, estupendo trabalho de recopilação daquela quadra da história brasileira, ele nos leva num mergulho virtual aos últimos dias do caudilho.
As pessoas são personagens. Personagens históricos da tragédia deste país à beira-mar plantado. Misturando registros objetivos a licenças poéticas, vai desde o salão onde Getúlio comandou a última reunião do seu ministério aos ambientes boêmios do Rio, narra - com travessão - diálogos entre Jango e o filho do Presidente, Lutero; deambula pelas ligações do governo com o fascismo e o nazismo, evidencia o tropel de realizações getulistas em meio à brutalidade que perpetrou como ditador.
Trata-se de obra intensa. A miséria do Poder exposta a sangue pulsado. O drama humano, a queda, a débâcle que somos. Os homens se remexendo para permanecer mandando, escumando o ódio, a necessidade de permanecer... a necessidade de...
A releitura só fez fortalecer em mim a descrença em ídolos, em pessoas que se apresentam como salvadoras. A tragédia histórica do homem buscando encontrar soluções místicas ou quase isso em pessoas, em programas partidários, discursos inflamados, o povo como ator patético, coadjuvante.
Vale a pena ler ou reler Getúlio. De qualquer maneira, no Brasil o voto é obrigatório...
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