quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Me dá um dinheiro aí...

Diz a Folha: Órgãos públicos e entidades submetidos a fiscalização do TCU (Tribunal de Contas da União) pagaram ao menos R$ 228 mil ao presidente do tribunal, ministro Benjamin Zymler, por palestras e cursos de um ou dois dias entre 2008 e 2010.
Após as palestras, Zymler seguiu como relator de seis procedimentos e participou de ao menos cinco julgamentos de processos de interesse dos contratantes. Em nenhuma das vezes entendeu que havia motivo para se declarar impedido.
As palestras, os custos e as agendas de Zymler não são divulgados pelo site do TCU.

Vivemos o que se poderia chamar de o epílogo da decência. A expressão não é minha. Foi título de artigo de jurista em jornal de Natal há tempos, quando do escândalo da deputada Ângela Guadagnin, que dançou no plenário quando um mensaleiro deixou de ser punido. Infelizmente, não recordo o nome do autor do artigo. Firme, forte incisivo.
Zymler em foto da Veja

Agora, temos a reprise desse épilogo: o presidente do Tribunal de Contas ganha dinheiro de órgãos que tem a incumbência de fiscalizar. É a cordial cultura do jeitinho, do aos-amigos-tudo, do deixemos-como-está. 

É triste e tem um sabor de derrota cotidiana da cidadania, naturalizando a corrupção, detratando os mais simples princípios do que seria honradez.

O que é pior, o mais triste, é que isso continuará apenas sendo notícia, repercutirá no âmbito da perplexidade e se perderá na rápida memória que costuma ancorar as notícias. O brasileiro já está acostumado, a máquina pública, em suas mais diversas manifestações, do inspetor de quarteirão ao mais alto funcionário público, está viciada a colonizada pelo privado e seus interesses mais obscuros e, porque não dizer, sórdidos. E a nave vai...

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