quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Vida de bacana: casa de banqueiro era requintado museu de arte

 Deu na Folha que a casa Edemar Cid Ferreira, ex-dono do Banco Santos, que deixou no mercado setorial rombo de R$ 2,5 bilhões, era uma espécie de museu. A palavra ganhou a conotação histórica de local onde são encontradas antiguidades, depósito de objetos velhos que atraem a curoriosidade ocasional do senso comum. 

Hall com obras de arte na casa do ex-banqueiro- Moacyr Lopes Junior/Folhapress

Nada disso. Museus são ambientes onde se guardam preciosidades artísticas e históricas, muitas de valor incalculável. E a casa, ela mesma obra de arte arquitetônica, localizada no elegante bairro do Morumbi, São Paulo, abrigava coleção de requintados objetos de arte. 

 Mas o que me chamou a atenção na matéria da Folha foi o seguinte: "A casa tem 4.100 metros quadrados, uma área que comportaria 82 apartamentos de 50 metros quadrados, como os que são feitos pelo programa Minha Casa, Minha Vida, por exemplo. Custou R$ 142, 7 milhões, segundo documentos de 2002, em valores não atualizados."

O milionário - não creio que esse hojem tenha deixado de ser um milionário, mesmo com a quebra do banco - é exemplo perfeito de pessoa de elite: um homem de gosto, refinado, era um mecenas. O problema é que construiu sua fortuna à custa do sofrimento de muitos brasileiros, disso não tenho dúvida. Atuava num segmento parasitário da economia e agora está sendo punido com despejo da casa onde morava. 

A casa, como se vê no texto da Folha, representa o esbulho social ao povo brasileiro. Um magnata dispondo de tanto luxo e tantos cômodos, enquanto outros não têm direito sequer a um pão. 

Ao final do processo esse homem continuará muito rico e aqueles a quem ele ajudou a empobrecer continuarão a ser pobres. Muitos, muito pobres. Muitos, miseráveis.

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