segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

De como a chuva se transforma num problema político


As chuvas da noite passada revelam, ou melhor, avisam mais uma vez ao natalense que a cidade, entra administração e sai administração, não recebe o tratamento mínimo para enfrentar esse tipo de acontecimento. Há pontos de alagamento que são notórios e notícia a cada chuvarada, há locais em que a vida das pessoas se transforma em drama. Se um programa sensacionalista da TV exibisse tais pontos ao vivo e colocasse fundo musical faturaria horrores, literalmente, em termos de audiência. Seria o reality show no exato sentido da expressão.
Trecho da BR 101 em foto de Júnior Santos (DN)
Tais coisas ocorrem em função do tipo de democracia que temos. Sim, isso, esse tipo de acontecimento tem um fundo político em sua essência. É por causa dos nossos costumes políticos que elegemos pessoas que são, digamos assim, promissoras, pessoas que prometem; todos sabem que são apenas promessas, mas, mesmo assim, as referendam em eleição.

E como política é algo que se passa dentro de uma determinada cultura, a cultura política diz que é assim mesmo: temos a obrigação de votar, temos a obrigação de eleger, e ainda chamam a isso de democracia.

Os políticos não são eleitos. Eles se fazem eleger, o que é muito diferente. Eles têm o direito de se eleger e nós a obrigação de votar. Percebe a raiz perversa da nossa democracia? Com isso sustentamos oligarquias que legam de pai para filho o direito ao mandato, diplomamos pessoas incompetentes civil e eticamente, elevamos ao trono do Poder velhacos e aproveitadores.

Então, eleitos, negligenciam cuidados mínimos com a cidade, os cidadãos e a cidadania. Dá no que dá. Uma chuva forte e a cidade se dissolve. Do mesmo jeito que se dissolvem as promessas dos promissores.

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