De como a chuva se transforma num problema político
As chuvas da noite passada revelam, ou melhor, avisam mais uma vez ao natalense que a cidade, entra administração e sai administração, não recebe o tratamento mínimo para enfrentar esse tipo de acontecimento. Há pontos de alagamento que são notórios e notícia a cada chuvarada, há locais em que a vida das pessoas se transforma em drama. Se um programa sensacionalista da TV exibisse tais pontos ao vivo e colocasse fundo musical faturaria horrores, literalmente, em termos de audiência. Seria o reality show no exato sentido da expressão.
Trecho da BR 101 em foto de Júnior Santos (DN) |
Tais coisas ocorrem em função do tipo de democracia que temos. Sim, isso, esse tipo de acontecimento tem um fundo político em sua essência. É por causa dos nossos costumes políticos que elegemos pessoas que são, digamos assim, promissoras, pessoas que prometem; todos sabem que são apenas promessas, mas, mesmo assim, as referendam em eleição.
E como política é algo que se passa dentro de uma determinada cultura, a cultura política diz que é assim mesmo: temos a obrigação de votar, temos a obrigação de eleger, e ainda chamam a isso de democracia.
E como política é algo que se passa dentro de uma determinada cultura, a cultura política diz que é assim mesmo: temos a obrigação de votar, temos a obrigação de eleger, e ainda chamam a isso de democracia.
Os políticos não são eleitos. Eles se fazem eleger, o que é muito diferente. Eles têm o direito de se eleger e nós a obrigação de votar. Percebe a raiz perversa da nossa democracia? Com isso sustentamos oligarquias que legam de pai para filho o direito ao mandato, diplomamos pessoas incompetentes civil e eticamente, elevamos ao trono do Poder velhacos e aproveitadores.
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