Mandela, o leão e a lenda
A internação de Nelson Mandela em hospital de Johanesburgo causou apreensão em toda a África do Sul. Pessoas se aglomeram em frente ao hospital onde está internado, jornalistas especulam, suspeita-se que médicos e familiares não digam a verdade a respeito da gravidade do seu estado de saúde. As pessoas temem perder seu mitificado herói.
Apartheid: brutalidade sem limite |
Não é sem motivo. Líder de todo um povo, mártir que sobreviveu ao martírio da prisão brutal do apartheid, ressurgiu do cárcere para levar seu povo a um novo passo no território imponderável, vasto e desafiador da história. Sua figura icônica, como sempre acontece a quem é investido nesse papel, passou ao imaginário social como elevada ao taumaturgismo, quase uma espécie de sumo-sacerdote político, indestrutível e venerável.
Agora, aos 92 anos, o tempo, senhor eminente da vida que a ele se curva, cobra ao grande homem o pedágio da estrada já cumprida e o ameaça com a barca de Caronte. Assim, se espalha junto ao povo o fogo rasteiro do pavor e cresce nas gentes o temor: a iminência terrível de perder seu Grande Pai, protetor e inspirador.
Jornal noticia libertação de Mandela |
Essa sensação de perda histórica se amplia pelas condições peculiaríssimas da África do Sul: além da pobreza brutal experimentada pelos negros, o regime do apartheid acentuava tal situação segregando seres humanos, definindo quem seria mais e quem seria menos humano.
A vitória sobre o apartheid teve não apenas significação enquanto tal: derrota da injustiça por um tempo maior de dignidade e esperança de futuro.
A vitória sobre o apartheid teve não apenas significação enquanto tal: derrota da injustiça por um tempo maior de dignidade e esperança de futuro.
Mais que isso, fundou-se a esperança. E fundou-se a esperança a partir de e na figura de um homem, que cumpriu seu papel de dar aos sul-africanos os ditames e as rotas para o futuro.
Manifestação contra o aparheid |
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