O escândalo do escândalo: faltou combinar com o público
Emanoel Barreto
Em todas as teletelas, em todas as coisas de jornal, o escândalo faccioso do PSDB domina o noticiário, numa enxurrada enfática. Trata-se de ação coordenada entre o partido e a mídia em ação tática para desestabilizar a candidatura Dilma Rousseff. O suposto fato-novo da campanha é tão desesperadamente utilizado que a filha de Serra perdeu até sua condição identitária, Verônica, para ser apenas isso: a-filha-do-Serra.
A permanência do noticiário, sua ênfase, pode, por efeito de comunicação reverso, resultar em nada. Primeiro, porque o fato em si é fato construído; os jornalistas que o erigiram é que lhe dão todo o estardalhaço, e isso passa a impressão de que surgiu da agenda pública quando, ao invés, é oriundo da agenda midiática.
Segundo, porque não surgindo da agenda pública, não havendo da parte da sociedade qualquer mostra de indignação com o factoide, o escândalo do escândalo o equipara a todos os demais escândalos que deram em nada.
E assim, deverá perder-se em meio ao caudal da campanha como denúncia vazia que é. Maquinações midiáticas quando planejadas dão a impressão a seus fautores, em função do próprio planejamento, que tudo dará certo. Mas aí é que muitos deles se enganam: faltou combinar com o público - do mesmo modo que Garrincha disse quando o técnico da Seleção, programando uma série de jogadas concatenadas afirmou que dali sairia o gol: "A gente já combinou com o outro time?"
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