terça-feira, 11 de janeiro de 2011

 Assange sob risco de pena de morte nos EUA

Informa o Estadão: LONDRES - Os advogados de Julian Assange, fundador do WikiLeaks, disseram que seu cliente corre "sério risco" de ser condenado à morte ou de se tornar um prisioneiro em Guantánamo caso seja extraditado para a Suécia, onde é acusado de delitos sexuais, segundo reportagem do jornal britânico The Guardian.
Os representantes legais de Assange, apresentando um resumo de como defenderão o australiano no caso da extradição, argumentam que é provável que os EUA tentem sua extradição assim que ele for enviado à Suécia. Sob custódia dos americanos, Assange "correria sério risco de ser detido em Guantánamo ou algum outro lugar".

Assange, junto de seus advogados, dá entrevista após audiência em Londres

O temor pela extradição e possibilidade de execução de Assange nos EUA mostra o quanto naquele país se respeita a liberdade de expressão, constitucionalmente garantida.

As revelações do WikiLeaks a respeito de conversas de autoridades americanas sobre aliados, altamente pejorativas, causaram fúria nos ambientes diplomáticos do país do Norte, bem como junto ao governo Obama e segmentos extremistas do país.
A denúncia de como procede a diplomacia americana, ou seja, o trazer-se a público coisas que a alta hierarquia supunha secretas foi, em essência, o motivo para a perseguição a Assange. Ficou claro que não é impossível chegar-se, com competência jornalística, à obtenção de documentos que registram as declarações.

O que fica mais claro, todavia, é a questão da liberdade de expressão e de informação. Os Estados Unidos são um país de paradoxos: querem impedir que outros países detenham tecnologia que permita a fabricação de artefatos nucleares, quando são o país que mais os tem; dizem defender a democracia, no entanto patrocinaram golpes de Estado que abalaram, exatamente, a democracia em outros países; criticam os extremistas islâmicos e seus atos insanos como o atentado às Torrres Gêmeas, mas lançaram bombas atômicas sobre o Japão; se dizem defensores da igualdade racial mas tinham, à sua maneira, um apartheid contra o qual se insurgiu, e foi morto, Martin Luther King. 

Será preciso muito bom senso das autoridades europeias a quem o caso WikiLeaks está entregue a fim de que a farsa de defesa da democracia não redunde numa prisão injusta e, quem sabe, de consequências desastrosas, calando uma voz que apenas exercia o direito de informar.

Um comentário:

Fagner França disse...

De fato. Os EUA têm uma concepção bem particular de democracia, que talvez possa ser sintetizada naquela velha máxima do filósofo Millôr Fernandes: "Democracia é quando eu mando em você, ditadura é quando você manda em mim".
Abs, Fagner.