quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

O polvo, o lobo e o cordeiro; o povo vem depois, bem depois

Sob o falso argumento de que é contra o salário mínimo de 540 reais e dizendo à plateia que se insurgirá contra esse valor para melhorar a vida do trabalhador, o PMDB já está fazendo o que dele se esperava: arreganhar os dentes de fera política como se estivesse em protesto. Nonada. O que o velho e matreiro PMDB deseja mesmo são cargos, nacos, fatias de poder, área de manobra, empregabilidade política para os seus múltiplos tentáculos. 

Ocupação de espaços para a política dos negócios, o negócio como política, a política como negócio e tudo isso ao mesmo tempo.

Assim, engendrou-se a crise do salário mínimo: por que, antes, já não havia sido contra? Se o PMDB fosse mesmo contra deveria ter posto as cartas na mesa no momento apropriado. O que se pretende é criar uma crise midiática, explosão de manchetes que criam a falsa impressão de que o governo de Dilma começa em meio a uma forma de desequilíbrio. 

É mais ou menos como a fábula do lobo e do cordeiro, que bebia água na corrente de um rio logo abaixo do predador. Dentes de fora, ele ameaçava o cordeiro dizendo que o outro estava lhe toldando a água. Ante a afirmativa de que isso seria impossível já que estava depois do lobo e assim era esse e não aquele que toldava a água, respondeu o espertalhão lobo: "Eu só quero uma desculpa para te devorar."

É mais ou menos isso e serve também uma advertência: será assim o tempo todo. Lamentavelmente. Especialmente pelo fato de que, querendo ou não, o PMDB é parte orgânica do Poder. São as condições históricas deste país que fazem surgir uma aliança esdrúxula como essa de PT e PMDB: a aproximação de interesses inconciliáveis. Dilma não é aliada do PMDB. É, de alguma forma, sua refém.

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