quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

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 Dona Lily Marinho

Da Folha:

Viúva de Roberto Marinho, Lily Marinho morre aos 89 anos no Rio

DO RIO

Lily Marinho, viúva do fundador das Organizações Globo, Roberto Marinho, morreu nesta quarta-feira aos 89 anos.
Marlene Bergamo-9.jul.2010/Folhapress
Lily Marinho no almoço que ofereceu em julho de 2010 a Dilma Rousseff, então candidata do PT à Presidência
Lily Marinho no almoço que ofereceu em julho de 2010 para Dilma Rousseff, então candidata do PT à Presidência 
Ela estava internada em estado grave desde o dia 13 de dezembro na Clínica São Vicente, na Gávea, zona sul do Rio. Poucos dias depois da internação, foi transferida para a UTI (Unidade de Terapia Intensiva). 

De acordo com boletim médico, Lily Marinho apresentava infecção respiratória. Nos últimos dias, estava sedada. Ela morreu às 20h05, vítima de falência múltipla dos órgãos. 

Lily Marinho, que completaria 90 anos em maio, esteve internada outras vezes recentemente por causa de problemas decorrentes da idade.
Seu corpo será enterrado nesta quinta-feira (6) às 10h30 no Cemitério São João Batista, em Botafogo, zona sul do Rio. 

PERFIL
Em 2005, Lily Monique de Carvalho Marinho disse a um médico amigo acreditar que tinha "quatro ou cinco anos de vida com boa saúde". 

"Estou em paz comigo mesma. Estou em idade avançada. Já vendi tudo o que tinha de valor", afirmou à Folha em maio passado. 

"Acho que dei certo na vida. Nunca pedi nada aos meus maridos, mas eles sempre me deram tudo."
Falar de Lily sem citar seus maridos é impossível, até porque se tornou mais conhecida ao unir o sobrenome dos dois. 

Nascida Lily Monique Lemb, em Colônia (Alemanha), em 10 de maio de 1921, foi casada com dois dos homens mais ricos do Brasil --Horacio de Carvalho e Roberto Marinho--, que tinham em comum o fato de serem amigos, donos de jornal e ambos apaixonados por Lily --por muito tempo simultaneamente.
Filha única da francesa Jeanne Bergeon e do militar britânico John Lemb, Lily Marinho nasceu na Alemanha por que lá servia o pai, mas foi criada em Paris. Embora frisasse a origem europeia, declarava-se brasileira de coração. 

Em julho passado, ofereceu um almoço para a então candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, com 50 convidadas. Lily recepcionou as mulheres presentes dizendo que o almoço eram homenagem à "senhora D, essa grande dama chamada democracia". E agradeceu a Dilma, citada como a "outra senhora D", por expor diretamente suas propostas como candidata. 

CASAMENTOS

Em 1937, aos 17 anos, Lily ficou noiva do dono do jornal "Diário Carioca" e fazendeiro brasileiro Horacio Gomes Leite de Carvalho Filho.
Em 1942, conheceu Roberto Marinho, que manteve sua paixão por Lily com discrição até a morte de Carvalho em 1983. Marinho divorciou-se após reencontrá-la em 1986. Em 1991, casaram-se. Ela com 71 anos, ele, 87. Viveram juntos por 12 anos. 

Lily mudou-se para o Brasil ao aceitar o pedido de casamento de Carvalho, não sem antes ter ouvido uma cartomante lhe dizer que esposaria dois milionários sul-americanos. Chegou ao Rio em 1938. Lily e Horacio tiveram um filho, Horacio de Carvalho Junior, e viveram 45 anos juntos. 

Em 1966, Horacio Jr. morreu em um acidente de carro aos 26 anos, em companhia da cantora Sylvia Telles. Sete meses depois, aconselhada por sua amiga Sarah Kubitschek, Lily adotou um bebê, João Baptista.
Durante 14 anos, Lily fez terapia para superar o trauma pela morte do único filho natural. Recorreu ao espiritismo, mas se definia como "católica fervorosa". 

HORAS TARDIAS
Foi após seu segundo casamento com Roberto Marinho, que se tornou uma figura nacionalmente reconhecida. Embaixadora da Boa Vontade da Unesco, desenvolveu projetos sociais e presidiu as comissões de honra das exposições de Rodin, Picasso, Camille Claudel e Monet no Brasil. 

Com ajuda de um escritor, editou "Roberto & Lily", livro em que narrou sua vida com o empresário que criou as Organizações Globo. "Este livro é a prova de que o amor e a ternura ainda podem bater à nossa porta nas horas tardias", dizia no prefácio. 

Na mansão que foi o lar do casal, no bairro carioca do Cosme Velho, manteve, mesmo anos depois da morte de Marinho, intocada a coleção de 3.700 gravatas e o aparelho de barbear sobre a pia do banheiro do quarto do casal. 

LEILÃO
Em maio de 2008, Lily Marinho decidiu colocar joias, obras de arte (incluindo quatro telas de Portinari), móveis, entre outros bens, a leilão, para evitar disputas entre seus herdeiros: o filho adotivo João Baptista --que nunca se interessou pelos negócios da família e é apontado como gestor ineficiente pelos amigos da família--, os quatro netos e as quatro ex-noras. 

O retrato de Lily feito pelo pintor holandês naturalizado francês Kees van Dongen (1877-1968) --do qual Roberto Marinho não gostava-- foi vendido pela Sotheby's por US$ 685 mil (cerca de R$ 1,3 milhão).
Antes de se unir ao dono das Organizações Globo, Lily já era dona de uma fortuna de US$ 150 milhões, que herdara do marido. Chegou a ser dona de 18 fazendas, nas quais cultivava milho, arroz, feijão e café.
Nunca trabalhou e assim justificava: "Não entendo as mulheres que têm dinheiro e trabalham. Tiram emprego de quem precisa". 

Sua relação com os três filhos, as noras e netos de Roberto Marinho foi excelente, de acordo com amigas. Eles lhe pagavam todas as contas, inclusive as das duas fazendas que conservou, no Estado do Rio, onde tem 23 empregados. 

Lily designou um fundo para administrar a fortuna que deixou para que nada falte ao filho e aos netos.
Tudo que possuía foi catalogado, fotografado e segurado, para que nada desaparecesse quando de sua morte.

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