quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Faça tudo, mas, pelo amor de Deus, não insulte as hienas
Emanoel Barreto

A charge de Angeli na Folha, como sempre é direta, ferina, brusca, em cheio no alvo. Claro que o chargista segue a linha editorial, como todo bom intelectual orgânico. E a Folha manda bater em Lula, o mesmo se diga com relação a Dilme. Mas, à parte a obrigação de cumprir como alinhamento obrigatório, temos aí efetivamente uma grande charge-editorial.

Trata-se de um texto iconográfico poderoso, aplicável não apenas à atual situação, mas válido para qualquer tipo de governo no Brasil: agora ou em futuro próximo ou distante: a necessidade de o governante atender à voracidade das hienas políticas.

Apenas um erro, e não é do chargista, mas do social por inteiro: o associar a determinados animais nossos mais baixos instintos, nossas mais lamentáveis abominações sociais. As hienas, são feias, agressivas, comedoras de carcaças, mas não são melhores nem piores que os leões, sempre representados em sua grandeza felina e majestosa: reis dos animais. Cada um cumpre com um papel na natureza. Ao leão cumpre dominar a matar presas; às hienas, limpar o que restou nos ossos. É a pura e simples cadeia alimentar.

Assim, não deveríamos ofender os animais. Comparar políticos com hienas é uma injustiça àquelas. Os políticos, em sua maioria, não tenha dúvida, são animais repulsivos, cruéis, safados. São mamíferos na pior expressão do termo. Sugam o que podem e se apojam, viscerais,  nas tetas fartas do Estado.

Mas, vá lá, é preciso mesmo, se alguém quer governar, associar-se às hienas políticas. Ou então ser devorado em meio a um butim que à humanidade deslustra e faz a alguns desacreditar no gênero humano. Aliás, é profundamente humano ser desumano.

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