Eamoel Barreto
A Folha sai hoje com editorial de mesuras à presidente Dilma. Como convém a um jornal que se pretende plural, apartidário e crítico - elogios e bom senso analítico são também manifestações de crítica, diga-se de passagem - o jornalão dos Frias concedeu à eleita dose homeopática de candura. Segue a transcrição, com um lembrete: a mão que afaga...
Boa impressão
Foi promissor o discurso proferido pela presidente eleita, Dilma Rousseff, na noite de domingo, após a confirmação de sua vitória eleitoral. O pronunciamento, que se revestiu de características de uma carta de intenções, convidou o país à conciliação, prestigiou a ordem democrática e sugeriu diretrizes de governo elogiáveis.
Como seria de esperar, a futura mandatária comprometeu-se com os direitos e garantias constitucionais. Incisivamente, com o intuito de dirimir suspeitas, prometeu zelar "pela mais irrestrita" liberdade de imprensa e de religião.
Na economia, foi além das promessas protocolares de responsabilidade, respeito a contratos e estímulo ao crescimento. Em considerações que poderiam ser endossadas por opositores e críticos dos atuais rumos do governo, fez questão de citar a "melhoria da qualidade do gasto público" e a "atenuação da tributação".
Não esqueceu também o respaldo às hoje aparelhadas agências reguladoras, para que atuem com "determinação e autonomia" na promoção da "saudável concorrência" -fraseologia que faz lembrar a influência do ex-ministro Antonio Palocci na campanha.
Ainda na área econômica, Dilma Rousseff referiu-se a cuidados com o ambiente, num aceno ao eleitorado de Marina Silva. E revelou ciência das dificuldades oferecidas pelo cenário global ainda marcado por sequelas da crise financeira -que exigirá de seu governo esforços para compensar a pouca pujança dos países ricos.
Nesse quadro, foi auspiciosa a menção às melhorias microeconômicas, com a valorização de "mecanismos que liberem a capacidade empreendedora de nosso empresariado e de nosso povo".
No que tange à administração pública, comprometeu-se com a transparência e ecoou o discurso de seu adversário José Serra, ao falar em "meritocracia" e garantir que não terá "compromisso com o erro, o desvio e o malfeito".
A presidente eleita foi menos específica ao se referir ao tema estratégico da educação, bem como à saúde e à segurança. Haverá por certo oportunidade adequada para que esclareça em detalhes suas políticas para essas áreas.
No terreno das reformas, o discurso enfatizou a política, para "elevar padrões republicanos" e avançar "em nossa jovem democracia". É uma tecla na qual o presidente Lula passou a insistir depois do escândalo do mensalão.
É fato que o sistema partidário e eleitoral tem defeitos. Parece no entanto irrealista e inapropriado que se consuma capital político em demasia nessa questão, na esperança de que novas regras venham a evitar mazelas que dependem, na realidade, de vigilância pública e de evolução da cultura política para serem sanadas.
Embora não devam ser consideradas como mais do que são -declarações políticas de uma candidata vitoriosa, que precisa atrair simpatias na metade do eleitorado que não a sufragou-, as primeiras palavras da futura presidente deixaram boa impressão.
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