segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Manchete do JB antecipa, mesmo sem dizer, a vitória de Dilma

"Dil-ma!  Pá-pá-pá!  Dil-ma!  Pá-pá-pá!"
Emanoel Barreto

A manchete do JB Online é assertiva: "Eleitor passa ao largo da crise do sigilo fiscal". Em sua enunciação o texto aparenta estar coerente com a realidade: 1) há uma crise, 2) mas a sociedade dela não toma conhecimento apesar de sua importância e interesse à cidadania.

No texto há uma verdade e uma inverdade: a verdade: o coletivo não está sensiblizado; a inverdade: não está sensibilizado porque não há crise. Esta somente existe nas páginas da grande imprensa que tenta de todos os modos impor à agenda social a sua própria agenda, seus próprios interesses.

A manchete deveria ser essa: "Dilma já é presidente eleita".

Os barões da grande mídia parecem não entender que notícia precisa necessariamente nascer de fatos, sejam fatos de ação - aqueles que têm começo, meio e fim -, sejam fatos nascidos do declaratório de alguém.

No caso, como não há fato de ação; como o PT - seus líderes, pessoas exponenciais - , não usou os dados da filha de Serra para qualquer finaidade político-partidária, não há fato jornalístico de ação premeditada e realizada. Há apenas isso: um fato-vazio. E cada jornal opera como num jogo de espelhos.

O declaratório não parte de fontes; parte, na verdade, dos próprios jornais que se utilizam do declaratório dos serristas para transmutá-los em notícia. Declaratório que os jornais buscaram fazendo dos declarantes seus ventríloquos e se transformando por isso mesmo em ventríloquos daqueles em processo de circulação circular dessa bizarra comunicação.

O que se está pretendendo é chamar a atenção do social, a sua indignação, provocar  escândalo. Mas para que haja escândalo é necessário que pessoas se sintam ofendidas pela prática censurável de alguém. Havendo indignação e em seguida manifestação de repúdio ao fato escandaloso fecha-se o círculo e temos aquilo que se chama de opinião pública.

Não há nada disso e a mídia sabe que não há. Agora é esperar a eleição. Sim: um especialista foi chamado a falar a respeito do fortalecimento de Dilma e afirmou que, mantidas as atuais condições de quadro, será eleita no primeiro turno.

Salvo fato-novo, fato-novo real e grave, nada mudará o curso dos acontecimentos. Enquanto isso, os petistas alarmam nas ruas: "Dil-ma! Pá-pá-pá! Dil-ma! Pá-pá-pá!".

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