quarta-feira, 23 de junho de 2010

O DIÁRIO DE BICALHO

Prezado Diário,

Sinto que sou vigiado 24 horas por dia. O motivo é simples e a perseguição é antiga, mas somente esta manhã pude dela me aperceber: como dirijo um grande escritório de contabilidade tenho cliente ricos, melhor riquíssimos, pior magnatas das altas finanças, donos de grandes construtoras, gente do alto comércio, até mesmo internacional.

Assim, numa conversa ocasional com um deles, notei que olhava sorrateiramente para mim. Motivo: como eles sabem que eu sei que eles sabem que eu sei de suas maracutaias, infringências e que tais, esse olhar me revelou que posso ser morto a qualquer momento.

Tive a nítida impressão que ele estava munido, veja bem, munido de terrível arma de fogo, pronto a me liquidar a qualquer momento. Já pensou? Munido? Munido é uma palavra que dá até medo de pensar. Munido, amigo Diário! Munido! Munido!

Um homem munido e eu sem nada para me defender. Agora já sei: quando perceber um munido, fecho o bunker do escritório, chamo a minha sogra - que também é munida - e o deixarei às voltas com ela.

Portando grande e poderosa clava, saberá vibrar-lhe vigoroso golpe no centro do crânio e dar-lhe o destino certo. Quanto a mim, continuarei a tomar precauções. Afinal, nunca é demais estar munido de uma séria desconfiança das coisas deste mundo. Até eu, veja só!, munido...
PS: estou com um pouco de dor de cabeça. Vou passar num hospital e ver se eles me internam. Mas, e se um dos médicos for um louco e quiser me usar como cobaia? Dizem que as mais horrendas experiências são feitas nos hospitais. Vou não. Até porque a dor passou para o pé...

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