quinta-feira, 24 de junho de 2010



Não vai dar certo, Serra; não vai dar...
Emanoel Barreto

A charge de Angeli, na Folha, é sugestiva. Um ícone caricatural serve de indício à situação do candidato Serra: enquanto uma primeira pesquisa sugere - apenas sugere, a situação pode mudar - um certo esboroar de sua pretensão de chegar à presidência, o interlocutor na cena da charge é bem mais expressivo: demonstra que o tempo se esgota e nada de surgir um vice de Serra.

O tucano luta então contra dois problemas: primeiro e mais urgente, encontrar, eu até diria implorar para que alguém se arrisque a ser seu companheiro de chapa; a segunda adversidade já é patente: Serra na verdade não enfrenta Dilma. Ele está às voltas com uma poderosa figura midiática chamada Luiz Inácio Lula da Silva, do alto dos seus 85% de aprovação social.

Lula já foi comparado a Getúlio Vargas pelo professor Werneck Viana, que com muita propriedade encontra traços de getulismo em sua figura. Você pode ler esse texto na net, bastando digitar em algum mecanismo de busca a expressão "estado de compromisso". Ali verá detalhadamente o precioso artigo de Viana.

Lula, diz ele, equilibra, uma delicada relação de contrários. São eles homens do agronegócio e representantes dos sem-terra, a elite financeira e cabeças que pensam mais à esquerda. Todos têm assento e alguma forma de pressão dentro do governo ou "estado de compromisso". Leia Werneck e entenderá mais detalhadamente.

Pois bem, voltando a Serra: se Lula consegue, como uma enguia política, congregar tantos interesses contraditórios, atender aos ricos e aos pobres e em seu getulismo apaziguar a gregos e baianos, não terá dificuldade - já está demonstrando - arregimentar um discurso pró-Dilma que também atenda a uma pletora social variegada.

Serra, esteja certo, já perdeu essa campanha. É um candidato fisicamente feio, não tem carisma e sua tentativa desesperada de se eleger invocando uma infância antepassada de rapazinho humilde dará em nada. Esse passado ideológico não vai surtir efeito. A figura não coincide com o passado "nobilitante" de "ter sido um pobrezinho filho de um vendeiro".


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