quinta-feira, 24 de junho de 2010


Maria, a Boa
Emanoel Barreto

Dizem no twitter que Maria Boa faria hoje 90 anos. Seu pequeno reino de prazeres, alcova de muitas vênus, secreto território de desejos, fez ferver a Natal da Segunda Guerra. Ali, homens casados iam sorrateiros. Pais levavam filhos para a iniciação nas coisas de Eros.

Dizem lendas que os aviadores brasileiros, os caçadores da Força Aérea, têm até uma foto de mulher nua - como eles dizem, descarenada -, de costas e em pose voluptuosa. Equipagens a disputam anualmente.

Um avião da FAB foi batizado com o seu nome.

A foto tornou-se um troféu, cada equipagem querendo ter a sua posse e para isso promovendo uma espécie de ação tática de assalto - no sentido militar do termo - para apoderar-se do ícone.

Maria foi uma cortesã elegante e desenvolta. Já li que no carnaval desfilava em carro aberto no corso que havia na Avenida Deodoro. Uma afronta a, como direi, à pudicícia de muitas mulheres. Carros enfeitados de serpentina iam de uma ponta à outra da avenida, numa espécie de fórmula um da alegria de Baco e de Momo. Chegando ao fim, faziam a curva e tudo começava de novo.

Os mais velhos devem lembrar-se dela, recolhendo das páginas do tempo de os retratos mais vivos de Maria, a Boa. De alguns talvez o primeiro orgasmo...

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