terça-feira, 22 de junho de 2010

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O sertão é uma grande espera
Emanoel Barreto

O sertão é uma grande espera, dizia Guimarães Rosa. Temos o sagrado fado da coragem severina, o pulso forte da mão calejada, o gesto franciscano da prece ingênua e sincera. Tudo isso em meio à grande, incerta, travessia. É essa a nossa grande espera; insone, perene como o nosso sertão, eterna como o próprio tempo.

Pernambuco e Alagoas sofrem com a chuva que de repente caiu. Pesada como barragem que arromba, poderosa e sem pena como o o fardo de um madeiro. Vai sertão, vai sem parar em tua espera. Vai nordestino, vai. E cumpre tua sina de ser corajoso e, antes de tudo, um forte. Súplica Cearense

(Composição: Gordurinha e Nelinho)

Oh! Deus, perdoe este pobre coitado
Que de joelhos rezou um bocado

Pedindo pra chuva cair sem parar


Oh! Deus, será que o senhor se zangou
E só por isso o sol arretirou

Fazendo cair toda a chuva que há

Senhor, eu pedi para o sol se esconder um tiquinho

Pedir pra chover, mas chover de mansinho

Pra ver se nascia uma planta no chão

Oh! Deus, se eu não rezei direito o Senhor me perdoe,

Eu acho que a culpa foi

Desse pobre que nem sabe fazer oração


Meu Deus, perdoe eu encher os meus olhos de água
E ter-lhe pedido cheinho de mágoa

Pro sol inclemente se arretirar

Desculpe eu pedir a toda hora pra chegar o inverno

Desculpe eu pedir para acabar com o inferno

Que sempre queimou o meu Ceará



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