sábado, 11 de março de 2023

 Para ter as joias Bolsonaro fez de tudo, só esqueceu de dizer: “Abre-te, Sésamo!”

Bolsonaro cometeu erros gravíssimos durante suas tentativas desastradas de receber o colar e os brincos da mulher, Michelle. Literalmente um presente das Arábias, as joias não foram liberadas pelos processos, digamos, normais, usuais, legais, burocraticamente aceitáveis, eticamente exigíveis.

Usaram-se o prestígio da condição presidencial, a força do cargo, o jeitinho brasileiro, a manobra salafrária, a atitude matreira, enfim, todos os atos e gestos de dribles e ademanes malandros para a obtenção de vantagens indevidas.

O motor de tudo isso tem nome: ganância, necessidade de ter, vontade de dispor de bens, acumulação de riquezas fabulosas, domínio de presentes encantadores, ganho de preciosidades, mimos e maravilhas da pedraria e ourivesaria.

A tudo isso sob as luzes – ou penumbras – de algo que veio... exatamente de onde? Da Arábia, um reino que ainda vive sob o domínio do absolutismo, encoberto pelo manto escuro do domínio arbitrário, o local dos grandes senhores do deserto e seus magníficos corcéis, um país no qual o imaginário ainda pode vaguear como num deslumbrante passeio de tapete  mágico.

E talvez tenha sido esse o erro de Bolsonaro. Não aproveitar as oportunidades e maravilhas lendárias. Ele bem poderia ter pedido o apoio de Ali Babá, um cara tão esperto que conseguiu ludibriar os quarenta ladrões, lembra?

Qualquer criança já leu que bastou o velho e bom Ali Babá descobrir as palavras mágicas, “Abre-te, Sésamo!” para, Oh...!, chegar à felicidade de ter  um inestimável tesouro. As tais palavras, magnífica fórmula mágica, lhe deram acesso à caverna onde quarenta famosos ladrões ocultavam seu butim milionário, que aumentava dia a dia.

Tão fácil!, e Bolsonaro não lembrou disso. Por que não perguntou aos príncipes árabes onde encontrar o bondoso Babá e pedir suas orientações? Por quê? Por quê? Por quê? Jamais saberemos sobre esse deslize mnemônico.

Caso tivesse lembrado poderia também entrar em contato com Aladim. Lembra de Aladim, não lembra? Sim. Aladim, o ardiloso jovem dono de um tapete mágico, e pedir que ele trouxesse o tesouro de forma silenciosa e rápida a Brasília. Nada de Alfândega, a chateação daqueles agentes implicantes, nada disso. Ah! Por que não falou com Aladim?

Haveria ainda outra ajuda preciosa, Simbad, o marinheiro. Sei que Simbad é de Bagdá, mas dava para pedir ajuda, não é mesmo? Ele bem poderia vir por mar, ancorar em alguma praia isolada desse imenso Brasil e entregar as joias sem problema algum. No segredo da noite, no silêncio das lendas, sob a luz da lua e o brilho estelar mais belo.

E afinal, porque Bolsonaro não instruiu seus, podemos dizer prepostos?, a aprender com Ali Babá para que, chegando à Alfândega, agissem de forma rápida e direta. Bastava dizer “Abre-te, Sésamo!”. As portas da aduana seriam descerradas, os caras pegavam o bagulho e iam embora. E pronto: missão cumprida.  

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