sábado, 15 de outubro de 2011

A manchete perdida

A Tribuna do Norte e o Novo Jornal minimizaram em suas primeiras páginas a notícia a respeito da condenação do ex-governador Fernando Freire a 84 anos de reclusão. Nas páginas internas, porém, o assunto mereceu o destaque que os mais comezinhos princípios do jornalismo recomendam. O único jornal a dar manchete de primeira página foi o Diário de Natal. O Jornal de Hoje não fez qualquer referência em sua primeira página.

O princípio básico do jornalismo, a imparcialidade, não foi levado em conta. Luiz Maria Alves, o líder dos Associados no Rio Grande do Norte em muitas décadas, ensinava: "Jornal não é guardião de honra de ninguém", cabendo a cada um pensar antes de praticar atos tidos como lesivos à sociedade, quaisquer que sejam esses atos. 

O ex-governador deve ter direito a ampla defesa, mas isso não obriga o jornalismo a deferências. Nos dois jornais, a informação foi colocada na parte inferior da primeira página. Dobrado na banca, isso, na prática, denega ao leitor conhecimento do fato ou pelo menos o dificulta.

Sei que em casos assim é comum que familiares ou amigos, até mesmo a pessoa envolvida em acontecimento negativo, entrem em contato com os jornais buscando alguma forma de sobrestar ou pelo menos reduzir a força do noticiário; é próprio da condição humana. Não digo que isso aconteceu, não tenho fontes que me afirmem isso. Mas, se não foi isso, foi pior: os jornais sucumbiram por iniciativa própria. 

Informar não significa acusar. Para isso existe o texto objetivo: relatar o fato deixando ao leitor a conclusão, o juízo moral. É o princípio da imparcialidade. É direito do leitor comprar produto feito com as características, a tipicidade dos jornais, o assunto mais importante ocupando a manchete da primeira página.

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